SINOPSE

As intenções artísticas do diretor franco-suíço Georges Gachot em seus 3 documentários, agora completos com O Samba, com estréia prevista para o dia 24 de Setembro arquitetam uma desmistificação, (como os mais otimistas dizem) a respeito da música brasileira para olhos europeus. Em seus dois últimos, ‘Rio Sonata’ (2010) e ‘Maria Bethânia- Música é Perfume’ (2005) explora nosso som como um bom estrangeiro. Portanto vai um aviso ao público brasileiro. Este é um filme de exportação. Apesar de mostrar de forma simplista a relação da escola de samba de Vila Isabel com a comunidade, coisa que aliás já é passado no universo do ritmo mais brasileiro por excelência, vemos os clichês da figura do artista do gênero, e a do jovem carioca do morro, inundado por futebol e carnaval.

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Até mesmo quando adentramos a casa de Martinho da Vila, vemos a caipirinha sendo preparada para receber os visitantes enquanto histórias românticas saem aos atropelos da boca de seu anfitrião. O leque poderia ter sido melhor apresentado com uma abertura para a movimentação da indústria em tempos modernos, onde o marketing gigantesco do carnaval engole o acesso do público de baixa renda, em contraponto às estrelas que desfilam vendendo o espetáculo ao mundo. Somente citações, nada mais. Os melhores momentos estão com Mart’Nália, filha do artista no palco, onde o fôlego da nova geração se mantêm com competência e verdade. O que temos com O Samba é uma ode a imagem do povo festivo, apesar dos problemas, reforço ultrapassado e conformista, apesar do que diz Martinho ao explicar seu single ‘Canta, Canta Minha Gente’ , onde as regravações feitas por artistas gringos tornam o Brasil uma terra de povo manso e alegre.

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Tristemente irônico. Ainda existem participações didáticas de Leci Brandão e Ney Matogrosso tentando vislumbrar nossa natureza sensualista da vida e raiz afro-descendente. Para um expectador europeu parece um bom caminho para introdução à nossa cultura, mas não há novidades para o próprio brasileiro. Apesar de rápido em suas 1 h 22 min; o documentário soa como um samba quadrado e hermético, portanto cansativo. Partindo por um olhar romântico, faltou-lhe poesia nas imagens, coisa que compensaria a falta de conteúdo gritante. O melhor caminho seria falarmos de nossa própria história sem acanhamento ou ortodoxia de classe média. Apesar de bem intencionada, a produção não oferece força para entendermos nossos fenômenos culturais e raízes sócio-econômicas. Mas que bobagem, esta realmente não era a proposta do filme. Uma pena. A pré-estréia acontece para a própria escola de Vila Isabel no dia 22.

Trailer do Filme:

 

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