É impressionante a quantidade de vilões marcantes que já passaram por filmes em todos esses anos. O mais interessante é como a personalidade de alguns deles é tão bem trabalhada que acaba até sendo carismática, tanto que, mesmo sabendo que é “errado”, em alguns momentos acabamos até torcendo por eles.
No Cinema, é essencial a figura do antagonista. Aquele que, de certa forma, acaba estabilizando o roteiro e torna a trama ainda mais gostosa de ser assistida. Em alguns momentos, você espera que o personagem seja punido por todas as maldades, mas é aí que ele te conquista. Por trás da boa lábia, dos sorrisos marotos, ou até uma bela fisionomia, eles podem enganar facilmente, mas, ao mesmo tempo, encantar. Isso depende do ponto de vista de cada um.
Christoph Waltz como Hanz Landa em ‘Bastardos Inglórios’, de 2009, dirigido por Quentin Tarantino e Eli Roth
Existem pessoas que torcem pelo mocinho, mas existem aquelas que torcem pelo vilão, justamente por saber que ele nunca se dará bem no final. E não precisamos ir muito longe. Desde as novelas, é notória essa questão. Observamos-os tirando vantagem ou construindo todo um império à custa do mocinho, e essa é uma característica presente na maioria dos vilões construídos hoje. É como sem o mal não existesse o bem, é como se uma força “anulasse” a outra e, com isso, tornassem-se neutras.
Mas ainda existem aqueles que não fazem suas maldades, literalmente, por mal. Em alguns momentos são induzidos e levados a ter atitudes não aprovadas pela sociedade, mas acabam vendo o mal que causaram e se redimem desses atos, como é o caso do Dr. Octopus, interpretado por Alfred Molina, no filme ‘Homem-Aranha 2’ de 2004.
Após ser consumido pela dor da morte da esposa, Dr. Otto Gunther Octavius toma um rumo diabólico. Usando seus tentáculos robóticos, ele ameaça colocar em risco a vida dos moradores da cidade de Nova York. Cabe ao Homem-Aranha impedi-lo de aniquilar a cidade. Com essa atitude, Otto vê o mal que fez e se sacrifica em prol de salvar a população nova-iorquina. Impossível não se sensibilizar com essa atitude.
Dr. Octopus é o vilão de ‘Homem-Aranha 2’, de 2004, dirigido por Sam Raimi
Precisamos apresentar um personagem que não pode faltar em nossa série de vilões: o próprio diabo. Fazendo uma breve análise psicológica do personagem interpretado por Al Pacino em ‘O Advogado do Diabo’ de 1997. Talvez você esteja se perguntando se algo do gênero seria possível, e o fato de eu estar escrevendo este artigo é a prova de que eu acredito que sim!
Usando a lábia e a vaidade – considerado o seu pecado favorito -, o diabo utiliza o pseudônimo de John Milton, um grande advogado que possui a maior empresa de advocacia de Nova York. A trama começa quando ele chama um jovem advogado, Kevin Lomax para fazer parte de seu grupo. No desenrolar da história é revelado que, na verdade, Kevin é filho do demônio e que o mesmo lhe trouxera com segundas intenções. Encontramos um personagem mítico, interpretado com excelência por um dos maiores atores em seu auge. A personalidade do diabo é muito bem construída e se mostra consistente com seus atos ao longo da trama.
Al Pacino na “pele” do diabo em ‘O Advogado do Diabo’, de 1997, dirigido por Taylor Hackford
Heróis são facilmente reconhecíveis. Contudo, os vilões são mais ainda, principalmente quando são representados por um ícone, tendo apenas pequenos traços de ligação com o personagem principal. E é aqui que entra uma paixão pelas histórias em quadrinhos (HQ’s), e por todo este universo que eles compõem. Preferências à parte, sejam da DC ou da Marvel, os vilões aqui representados são símbolos que várias gerações de fãs facilmente identificam.
Grande parte dos personagens do cinema são anti-heróis. Enigmáticos, imprevisíveis, social e emocionalmente desapegados. São manipuladores, mas sinceros. São os melhores na arte da agressividade passiva. São carentes, mas defensivos. São, normalmente, aqueles que iriam parar no divã de Freud.
Enigmático, Loki é um dos vilões mais queridos entre os cinéfilos
Seguindo essa premissa, sem exageros e na medida certa, Tom Hiddleston compôs um de seus melhores papéis: o asgardiano Loki, irmão adotivo do deus Thor (Chris Hemsworth). Loki é cínico, irônico, sarcástico e poderoso sem precisar fazer muito para isso. O personagem é tão mal, que se torna carismático. Por ser adotado, quer conquistar tudo o que acha seu por direito. Devido à sua má índole e à inveja que sente por Thor, por ser o filho mais querido de Odin, Loki está sempre a tramar a morte do irmão e a posse de Asgard. Impossível não gostar dele!
Ainda temos figuras que representam muito bem o universo de vilões, como Darth Vader (Star Wars), Lord Voldermort (Harry Potter), Scar (O rei Leão), Gru (Meu Malvado Favorito), Hannibal Lecter (Hannibal), Zé Pequeno (Cidade de Deus), Norman Bates (Psicose), Alex DeLarge (Laranja Mecânica), Anton (Onde Os Fracos Não Tem Vez), Hans Landa (Bastardos Inglórios), dentre outros.
Zé Pequeno, Darth Vader e Hannibal Lecter são personagens que integram a lista de grandes vilões
Podemos, então, concluir que os vilões são megalomaníacos, adoram explodir coisas, matar pessoas e fazer planos para conquistar o mundo. São eufóricos, efusivos e não se contentam com pouco. São inclinados à soberba e possuem a grande necessidade de glória ou poder, mostrando-se autossuficientes e únicos.