Seja de 1985 para 1955, 1972 a 3978 ou uma simples volta de alguns minutos ao passado, o cinema gosta de uma viagem no tempo e não apenas com o objetivo de confundir a cabeça do espectador, mas para trabalhar com todo o desafio e dificuldade que envolve o tema. Pegue uma carona em nosso DeLorean e venha conosco nessa viagem.
Se pegarmos nossa máquina e voltarmos para o século XVIII, época em que nasce o subgênero, período em que o iluminismo sustentava a ciência como categoria explicativa. A viagem no tempo foi criada na literatura em um contexto de modificações socioeconômicas em países da Europa, como a França. Nesse período, a viagem no tempo era explicada e desenvolvida pela literatura e só anos depois que o cinema veio tratar do assunto. H. G. Wells é o nome mais famoso devido aos seus romances científicos, obras que marcaram uma sociedade, como: “Guerra dos Mundos”, “O Homem Invisível” e “A Máquina do Tempo”. Livros que serviram de inspiração para estudos e, também, obras cinematográficas.
A ciência já conseguiu confirmar que, na forma prática, as chances de viajarmos no tempo são nulas, apesar de existirem estudos dizendo que o sono seria uma espécie de viagem no tempo, mas isso não vem ao caso. Já que a própria ciência confirmou a impossibilidade da viagem no tempo, como será que os filmes explicaram o fenômeno? Bem, é isso que você, caro leitor, irá descobrir agora.
Apesar de todos os estudos anulando a possibilidade da viagem acontecer, a física ainda não desistiu completamente da ideia. Mesmo com Stephen Hawking sugerindo que o fato de não vermos viajantes vindos do futuro ser uma ótima explicação para a inexistência de viagem no tempo, a física ainda estuda possibilidades. Uma delas é o famoso “buraco de minhoca”, que se mistura junto com a teoria da relatividade. Como isto não é uma dissertação sobre física, tratarei da forma mais simples possível. O “buraco de minhoca” é criado de alguma forma e colocado em algum lugar encurtando o tempo e a distância entre um ponto e outro, infelizmente, uma ida a tempos passados ou futuros é inexistente e criar um não é tão fácil assim. A matéria para sua criação pode nem existir e a energia necessária são ordens de grandeza maiores que a energia que o Sol produz, ou seja, apenas uma sociedade muito mais avançada que a nossa pode cogitar sua construção. O filme ‘Interestelar’ (2014) é o mais recente longa explicativo sobre o assunto e Nolan não maneirou nas explicações da teoria da relatividade de Einsten e explorou a viagem de espaço-tempo com o uso do “buraco de minhoca”. Com uma história fictícia, Nolan levou às telonas, teorias cientificas verdadeiras, utilizando o auxílio de um físico que o ajudou na construção 3D de um buraco de minhoca “perfeito”.
Fugindo um pouco da parte mais cientifica e entrando na viagem no tempo mais clássica, vamos tratar de velocidade, mais especificamente, 88 milhas por hora. Em ‘De Volta Para o Futuro’ (1985), o diretor Robert Zemeckis apresenta alguns pontos reais sobre uma possível viagem no tempo. Segundo especialistas, quando estamos em alta velocidade, consequentemente, estamos viajando no tempo. Como assim? Por exemplo, um astronauta orbitando no espaço a meses em uma distância de 30 mil km/h, quando voltar à Terra, ele estará alguns milésimos de segundo à frente de quem ficou no planeta, ou seja, de acordo com a teoria da relatividade, poderíamos voltar no tempo se entrássemos na velocidade da luz. Mas não seria assim tão fácil quanto acontece com Marty McFly, afinal, não existe energia o suficiente para essa velocidade.
Nem o 1,21 Gigawatt do capacitor de fluxo do DeLorean é possível para o ser humano. De acordo com Hawking, o valor expressado é quase impossível e serviu apenas para impressionar a audiência, tanto que nem percebemos quando um raio, de apenas 300 quilowatts, consegue fazer o capacitor funcionar novamente. Outro ponto apresentado no filme, mas que não poderia ocorrer na vida real é que, ainda de acordo com Hawking, não poderíamos mudar nosso futuro se viajássemos no tempo. Em seu livro ‘Uma Breve História do Tempo’, ele explica que existem duas possibilidades: a hipótese das histórias alternativas e das histórias consistentes. A primeira diz que quando se volta no tempo, entramos em histórias alternativas que diferem do registro histórico, enquanto a segunda, diz que nada que fosse feito no passado poderia mudar nosso futuro.
Máquina do tempo é outra possibilidade de viagem, mas nesses outros exemplos que virão, não seguirão o estilo apresentado pelo DeLorean. Seguindo as possibilidades existentes que a física apresenta e estuda, temos a velocidade e a rotação de cilindros, dois fatores apresentados em algumas máquinas do tempo no cinema. Em longas como ‘A Máquina do Tempo’ (2002) e ‘Exterminador do Futuro’ (1984) são apresentadas máquinas que possuem esses dois fatores necessários, como a velocidade e a rotação de cilindros. Segundo cientistas e físicos, o cilindro deve ser longo, denso e rodar em seu eixo a altas velocidades, possibilitando que uma nave que siga um percurso em forma de espiral em torno do cilindro, irá voltar no tempo. Mas como no cinema tudo é melhor que na vida, não existe material o suficiente para sua construção.
Esses fatores justificam o tamanho das máquinas nos filmes e todo o seu funcionamento com altas velocidades e giros, e essa máquina também tem sua versão brazuca. Caso voltarmos para o ano de 2011 podemos ir no lançamento do nacional ‘Homem do Futuro’, filme brasileiro sobre viagem no tempo e com uma forte influência de clássicos do tema já citados aqui.
Sim, o cinema tratou de tentar representar a viagem no tempo de formas até que possíveis e já estudadas, mas tem diretor que acaba exagerando um pouco e cria máquinas um tanto quanto improváveis. O carro de ‘De Volta Para o Futuro’ até pode ser considerado um pouco bizarro, mas tem suas explicações e encaixa no contexto do filme, agora, voltar no tempo com um controle remoto pode ser um pouco diferente. ‘Click’ (2006) até pode ser considerado um filme de viagem no tempo, e acaba até utilizando estudos mais corretos da viagem, como a impossibilidade de mudar seu passado, já descrito aqui anteriormente. Viajar no tempo com um controle remoto é até que um conceito interessante, tratando sua vida como um filme, mas não deixa de ser estranho.
Como se um controle remoto já não bastasse, Steve Pink nos trouxe uma jacuzzi como máquina do tempo no filme ‘A Ressaca’ (2010), sim, uma jacuzzi, e seu funcionamento é através de um energético. Diferente, não? Em ‘Harry Potter e o Prisioneiro de Askaban’ (2004) também temos um objeto estranho para a viagem, e mesmo que seja em um universo mágico, fica difícil não achar o “Viratempo” de Hermione esquisito.