O que seria de um filme de Scorsese sem a palavra “fuck”? E como o Tarantino faria seus personagens expressarem toda sua raiva sem um único palavrão?
Com a invenção do som no cinema em 1927, os xingamentos rapidamente invadiram a tela grande. “Damn”, foi usada pela primeira vez em um filme de 1929. A partir daí, várias produções adotaram as palavras de baixo calão, desde filmes até desenhos animados.
Foi em 1968 que a MPAA passou a permitir o uso dos palavrões de volta no cinema, e aí foi uma questão de tempo para que os personagens voltassem a destilar as mais diversas blasfêmias.
A partir da década de 80 o uso dos palavrões se tornara praticamente normal, principalmente para o público. Mas qual a importância do uso de tantos xingamentos para as tramas cinematográficas?
É claro que essas palavras costumam ser mais pesadas e agressivas, porém elas não são usadas somente em momentos em que os personagens estão nervosos ou tendo um ataque de fúria, e é precisamente nesses casos em que seu uso transforma o personagem em alguém mais real. Estamos no século XXI, foi-se o tempo em que usar um palavrão era quase um acontecimento, um ultraje; nosso maior tabu talvez ainda sejam palavras relacionadas a sexo ou órgãos sexuais.
Palavrões são utilizados para trazer humor em alguns momentos, transformando o diálogo de determinado personagem em algo mais espontâneo e divertido. Mas palavrões também são usados por personagens que estão no controle da situação. Em “Fargo”, por exemplo, o personagem de William H. Macy está sempre acuado perante os outros, que constantemente o atacam com frases recheadas de palavrões; ele, porém, é incapaz de proferir uma sentença com essas obscenidades, e quando o faz, a fala acontece de modo mecânico, pouco condizente com sua personalidade e fica claro seu desconforto.
Mr. White, em “Cães de Aluguel” é o único da gangue que fala com o chefe utilizando palavrões; isso nos mostra como os dois tem uma relação mais próxima e como Mr. White não se intimida com a situação.
“O Lobo de Wall Street” é o longa de ficção que mais utilizou a palavra “fuck” na historia. Ao todo, foram 506 vezes, o que dá uma média de 2,83 vezes por minuto.