É comum fazerem este tipo de pergunta: “Se você ficasse preso em uma ilha deserta e só pudesse levar um filme, qual seria?” Apesar de adorar centenas de filmes e saber que existem filmes melhores eu levaria este: “Amnésia”.O “thriller”, gênero que tem como características crime, drama, suspense e mistério foi o segundo longa do recém-cultuado diretor Christopher Nolan (Trilogia Batman), mas que já havia mostrado ser um diretor de grande quilate desde sua estreia, com “Following”, em 1998.
Baseado na curta história de seu irmão Jonathan Nolan (diretor/roteirista da série “Pessoa de Interesse”), o diretor nos apresenta ao ex-investigador de uma empresa de seguros, Leonard Shelby (Guy Pearce), que busca vingança contra o assassino de sua esposa e responsável por tornar sua vida praticamente impossível, vivendo em função de hábitos e rotinas, que incluem anotações sobre pessoas e objetos pessoais, tatuagens que descrevem as características do assassino e seu nome: “John G”. Ambos os irmãos foram indicados ao Oscar pelo maravilhoso roteiro e o filme foi indicado também pela Edição (poderia tem vencido por ambos, mas foi preterido pela Academia), embora a fotografia de Wally Pfister (“O Grande Truque”, de 2006) seja muito discreta e a trilha sonora do filme seja praticamente nula.
O que torna “Amnésia” diferente dos outros filmes do gênero com a mesma premissa foi a estrutura totalmente não linear da narrativa de Nolan. O diretor teve grande êxito ao colocar o espectador na “pele” do protagonista. Ou melhor, na mente de uma pessoa com distúrbio de memória. Para não se perder durante a história, deve-se manter a concentração desde os créditos iniciais, ou então será necessário assisti-lo mais de uma vez.
“Eu preciso acreditar que minhas ações ainda têm um significado, mesmo que eu não me lembre delas.”
“Alguém tem que pagar Lenny, alguém sempre paga…”
“Eu estou te ajudando, porque você me ajudou.”
“Amnésia” mostra a inabilidade do ser humano em, como diria Sócrates, “conhecer-se a si mesmo”, não aceitar suas circunstâncias físicas ou psicológicas e mentir para si e para os outros, levar vantagem sobre alguém que não esteja em condições de se defender. Pois como diz Leonard: “Todos precisam de espelhos para se lembrarem de quem são, e eu… não sou diferente”. (Legenda: A tatuagem no corpo de Leonard diz: “John G. estuprou e matou minha esposa”)