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Quão forte é a bolha em que vivemos? A sociedade sempre está correndo atrás daquilo do que é bom para ela, e para isso, muitas vezes é preciso ficar horas no trabalho e esquecer a família ou trabalhar sozinho para realizar suas vontades. E pergunto novamente, o quão forte é essa bolha entre todos nós? Acredito que vai de cada um, mas existe uma ação universal que muda as pessoas. Lhes apresento, o riso.
Uma risada ou um leve sorriso pode mudar a vida de uma pessoa, e ‘Toni Erdmann’ nos ensina com clareza a importância de olhar nossas vidas capitalistas acopladas em grandes bolhas de uma forma bem diferente, e, utilizando o ensinamento do personagem, devo repetir: “não perca o humor”. Por muitas vezes nos perguntamos nossos motivos para viver e o porquê de fazermos as coisas que fazemos, e poucas vezes chegamos em alguma resposta concreta, nisso, ‘Toni Erdmann’ derruba de forma dolorida certos muros invisíveis existentes entre nós e mostra de forma direta e forte nossa necessidade de ruir toda insensatez e ignorância para toda a pureza do ser humano voltar a florar.
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A beleza do cinema de Maren Ade encanta o espectador com seu humor natural, presente tanto em seu texto profundo e direto quanto em seus personagens ricos, mas ao mesmo tempo comuns e tão presentes em nosso dia a dia. A relação que Maren cria entre um pai e uma filha consegue ser transportada para qualquer outra relação e consegue conversar com todos os espectadores, que vão daqueles que já vivenciaram situações parecidas ou que fazem parte dessa situação.
Toda a naturalidade presente nas piadas e nas risadas causadas por Maren dão ritmo ao longa e deixa tudo mais interessante, tanto a relação paternal quanto sua mensagem, que é recebida com certa dor por entendermos que, mesmo inconscientemente, agimos dessa forma. Peter Simonischek e Sandra Hüller se mostraram uma ótima dupla, com uma harmonia fantástica, que funciona na comédia e até em sua hora mais dramática.
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Entretanto, toda a leveza e beleza do filme não conseguem melhorar o segundo ato arrastado e repetitivo que o roteiro apresenta, e o filme, com suas duas horas e 40 minutos de duração, poderia muito bem ter 30 minutos a menos sem prejudicar seu objetivo. Com piadas iguais, ‘Toni Erdmann’ perde um pouco do ritmo e leva o espectador a uma longa e desnecessária viagem até um terceiro ato, que por sua vez, é maravilhoso e tão belo quanto a própria mensagem. Terceiro ato esse que acolhe uma das melhores cenas de nudez já feitas, apresentada com a maior naturalidade possível sem chocar ou envergonhar o espectador, além de também mostrar que nunca um abraço em uma criatura de pelos foi tão amorosamente purificador com o intuito de reavivar a consciência humana.
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Se o objetivo de Maren Ade foi surpreender e não fazer você esquecer ‘Toni Erdmann’, ele foi cumprido. Mesmo com erros, o longa alemão não consegue sair da memória e faz o espectador leva-lo para a vida, como um alerta e uma lembrança, de que quando as coisas estiverem em seus piores momentos, um sorriso sincero pode fazer toda a diferença.
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