Dirigir ou atuar, qual responsabilidade vem primeiro? Aos olhos do público mais “pipoca”, o elenco. É através dele que o público transita pela narrativa. Aos olhos do público “pimenta”, o diretor carrega um peso maior. Ben Affleck assume as duas posições em “A Lei da Noite”, filme baseado na obra literária de Dennis Lehane. O longa, que se passa na cidade de Boston na década de 1920, tem como personagem principal Joe Coughlin, filho mais novo de um capitão de polícia. Mas isso não o impede de se envolver com o contrabando de bebidas alcoólicas durante o período da Lei Seca americana.

A crítica americana não perdoou nenhuma falha em “A Lei da Noite”, por menor que fosse, e deixou a crítica brasileira receosa quanto ao que esperar da produção. Mas, será que o filme é tão ruim assim?

Apesar de uma direção bastante detalhista de Affleck, com perseguições bem gravadas e sacadas bem posicionadas, “A Lei da Noite” tem muitos plots totalmente desnecessários, que criam “barrigas” gigantescas. E isso não tem nada a ver com o tempo de filme, que por sinal está dentro da média de duração dos longas atuais.

“A Lei da Noite” tem no elenco três nomes fortes no cinema. Sienna Miller interpreta Emma, a amante do chefão da máfia por quem Coughlin se apaixona, enquanto Zoe Saldana vive Graciella Suarez, uma mulher com quem Coughlin se envolve na Flórida. Já Elle Fanning é a jovem Loretta Figgis, aspirante a atriz que se envolve com alguns problemas e se torna um empecilho no projeto de Coughlin. Acontece que as três personagens são desnecessárias para a história e são através delas que a maioria das “barrigas” mencionadas anteriormente ganharam forma.

Não há necessidade do filme ser massacrado. Porém, certamente poderia ter sido uma obra prima, visto que Affleck tinha em mãos um tema tão interessante e pouco explorado.

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