Divertido, mas esquecível, “A Morte Te Dá Parabéns” infelizmente desperdiça uma ideia bastante criativa

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Este será mais um breve comentário do que uma crítica propriamente dita. Com o Halloween se aproximando, entrou em cartaz nos cinemas brasileiros o misto de terror e comédia “A Morte Te Dá Parabéns”. O filme é produzido pela Bloomhouse, que ficou mundialmente famosa com as franquias “Atividade Paranormal” e “Uma Noite de Crime”, mas também investiu em filmes bastante respeitados pela crítica, como “Whiplash” e o mais recente “Corra!”.

Falando em Atividade Paranormal, a direção fica por conta de Christopher Landon, responsável pelo filme “Marcados pelo Mal” da franquia, em 2014. Em “A Morte Te Dá Parabéns”, o filme conta a história de Tree (Jessica Rothe), uma jovem e bonita universitária que no dia do seu aniversário é assassinada por um misterioso mascarado. Curiosamente, cada vez que ela morre, acorda revivendo o mesmo dia, e esse ciclo vicioso parece não ter fim. Assim, ela precisa descobrir por que tudo isso está acontecendo.

Vou começar falando pelos pontos positivos do filme. A ideia da morte da personagem se repetindo todos os dias é extremamente criativa, apesar de não ser original. Filmes como “Feitiço do Tempo” (comédia), “Contra o Tempo” (ficção científica) e “No Limite do Amanhã” (ação/aventura) já se utilizaram dessa abordagem anteriormente, e renderam grandes elogios tanto da crítica quanto do público.

O autor Blake Snyder é um dos maiores gurus dos roteiristas em Hollywood. Quem já leu suas obras, sabe como ele entende perfeitamente o mercado e que suas dicas são extremamente aplicáveis na prática. No livro “Save the Cat”, uma das suas primeiras dicas é fazer o roteirista pegar um filme conhecido e imagina-lo em um gênero diferente. Como Jordan Peele pegou “Entrando Numa Fria” e transformou em um suspense macabro em “Corra!”, desta vez Landon pegou “Feitiço do Tempo” e o transformou em um slasher cheio de elementos cômicos.

Fica bem claro que a produção se divertiu ao fazer o filme. “A Morte Te Dá Parabéns” é um projeto feito por genuínos fãs do cinema de terror – há algumas referências espalhadas pelo filme – com certo potencial para se tornar um sucesso cult do gênero no futuro. Mas, particularmente, tenho algumas ressalvas importantes que me impediram de curti-lo mais, o que acabou soando muito frustrante no final das contas.

 

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A ideia é excelente, mas mal explorada. Sou daqueles que defendem que filmes são histórias, e sendo assim, precisam de um significado. “A Morte Te Dá Parabéns” até parece caminhar para uma história onde a protagonista aprende que precisa mudar seu estilo de vida e tratar as outras pessoas melhor, um arco muito parecido com o de Bill Murray em “Feitiço do Tempo”. Mas aqui, essa mudança nunca convence, e há algumas reviravoltas (como o plot twist final) e subtramas (como a questão do luto) que acabam confundindo ainda mais o significado.

E uma última ressalva, a classificação indicativa. Filmes de terror (proibidos) para menores de 14 anos costumam ser problema, especialmente no caso de um slasher. Ao escolher fazer um filme assim, o estúdio está pensando mais nos pré-adolescentes que poderão ver o filme (gerando mais bilheteria), limitando muito do potencial que o gênero necessita. Já pararam para pensar por que Jason, Freddy, Chucky, Myers (Halloween), Jigsaw e muitos outros ícones do cinema de horror têm tantas cenas de mortes icônicas? Slasher sem gore pode acabar tornando o filme muito esquecível.

Sendo assim, “A Morte Te Dá Parabéns” é um filme que tem seus méritos porque se propõe apenas a divertir o público, algo que relativamente consegue fazer bem. Embora outros filmes que também utilizam ideias criativas para combinar terror com humor tenham se saído muito melhor, na minha opinião. Isso também vai de encontro ao estilo da direção. Landon não consegue trazer nenhuma personalidade ao filme – não explora mortes de maneiras criativas, não constrói com eficiência o suspense das cenas – ao contrário de outros grandes nomes do gênero.

Por fim, deixarei aqui abaixo outros exemplos – na minha opinião, muito melhores – de filmes parecidos, mas que conseguem entregar um resultado final muito mais satisfatório em termos de terror + humor + homenagem aos clássicos. São eles: “Terror nos Bastidores” (2015), “Tucker e Dale Contra o Mal” (2010), “Zumbilândia” (2009), “O Segredo da Cabana” (2012). Obrigatórios para fãs do gênero.

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!

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