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O Brasil é recheado de heróis. Uns são relativos, enquanto outros marcaram realmente a história do país. Mesmo que poucos usassem capas, outros usaram capacete e luvas em carros de Fórmula 1 e outros, chuteiras e camisa amarela. O esporte sempre tomou conta da história dos brasileiros, mas só naqueles que ganham notoriedade da televisão.

Nascido quatro anos antes de Pelé, o paulistano Éder Jofre fez história no esporte brasileiro, mas está longe de ter o mesmo reconhecimento do ex-jogador do Santos. Você próprio, ao ler este texto, pode não saber quem é esse, que está no ranking dos maiores boxeadores da história do esporte. Esse em questão, quase teve seu passado apagado, mas foi salvo pela homenagem da produção e do roteirista Thomas Stavros no longa 10 Segundos Para Vencer.

Marcado por uma filmografia de comédia, José Alvarenga Jr. se mostrou competente no drama e principalmente no trabalho com os personagens. Apesar da comédia trazer suas banalidades em atuação, Alvarenga retirou o melhor do elenco em 10 Segundos Para Vencer, principalmente de Osmar Prado e Ricardo Gelli, justificando o merecimento dos Kikitos, no Festival de Gramado deste ano.

Daniel de Oliveira, por mais chamativo que seja pelo seu passado e por, justamente, viver o protagonista, é o que menos chama atenção durante o longa, apesar da direção. A câmera constantemente rápida de Alvarenga durante as cenas de luta – que ganham um maravilhoso tratamento na mistura de imagens filmadas e de lutas originais – fazem o longa ganhar certo dinamismo e um diferencial de outras obras hollywoodianas que envolvem o esporte, até pelo próprio boxe ser pura coreografia e cinematograficamente convidativo, resultando em um trabalho primoroso, principalmente pela câmera colocada dentro do ringue, para não só trazer mais realismo, como também representar a velocidade com mais virtude.

A velocidade, portanto, conversa muito com a própria história de Éder, já que sua categoria Peso Galo oferece essa vantagem da rapidez. Contudo, a direção perde qualidade no tratamento da história e traz certo desequilíbrio, principalmente pelo roteiro. Apesar da vontade e da entrega da produção muito presente em tela, Stavros falha diversas vezes com falas realmente precisas, mas genéricas. A escolha da trajetória de Éder também falha por não explorar muitas coisas novas e usar os mesmos segmentos de diversas outras cinebiografias brasileiras.

O que encanta o espectador, além da vida do boxeador, é o visual. Com uma linda fotografia de Lula Carvalho, a belíssima direção de Alvarenga é justificada. O resultado faz jus a intenção da produção em não focar no mercado, com um filme bem mais cadenciado na história e com toques artísticos, o que engrandece o objetivo de deixar um legado à história de Éder.

Por mais que já citado, Osmar Prado é um capítulo à parte. Na pele de Kid Jofre, o ator revelou durante a coletiva de imprensa que participamos, sobre como foi emocionante viver o personagem. O ator contou como viveu diversos embates com o pai e precisou reviver muito esse passado para demonstrar em tela a realidade do esportista. A entrega de Osmar à obra é lindamente constante e nítida em tela, engrandecendo a cotidiana história de Éder. Sua atuação mostra domínio ao personagem, o que torna tudo mais orgânico à história, sendo ele, disparadamente, a melhor coisa do drama.

Ao todo, o longa é um importante drama histórico para marcar o legado de um herói brasileiro, praticamente esquecido. O foco, no entanto, supera o ringue e passa a ser mais uma relação entre pai e filho do que o esporte propriamente dito. Visualmente encantador, o filme falha em manter um padrão comercial de cinebiografias com a mesma construção de história. Contudo, as atuações fazem de 10 Segundos Para Vencer uma linda lembrança dos tempos em que o boxe brasileiro apresentou heróis magníficos a nossa história.

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