7,6/10

O Menino e a Garça

Diretor

Hayao Miyazaki

Gênero

Animação , Aventura

Elenco

Soma Santoki, Masaki Suda, Kô Shibasaki

Roteirista

Hayao Miyazaki

Estúdio

Hayao Miyazaki

Duração

120 minutos

Data de lançamento

22 de fevereiro de 2024

Depois de perder a mãe durante a guerra, Mahito muda-se para o campo. Lá, uma série de eventos misteriosos o levam ao lar de uma garça cinzenta, uma torre antiga, onde ele entra em um mundo fantástico partilhado pelos vivos e pelos mortos.

Contém Spoilers

“O Menino e a Garça” (Kimi-tachi wa Dou Ikiru ka?) marca o retorno de Hayao Miyazaki, que decidiu sair de sua aposentadoria para adaptar o livro How Do You Live, de Genzaburo Yoshino.

A animação finalmente chega ao Brasil nesta quinta-feira, dia 22 de fevereiro. Vencedora do Globo de Ouro e do BAFTA, o filme também recebeu sua indicação ao Oscar, sendo um dos favoritos a ser o vencedor na categoria de Melhor Animação. Com orçamento estimado em 100 milhões de dólares, a nova obra do Estúdio Ghibli, já arrecadou 165 milhões de dólares em bilheteria mundial.

O filme conta a história de Mahito, que após perder a sua mãe durante a guerra, ele muda-se para o campo com o pai e conhece sua madrasta, que também é sua tia (irmã de sua mãe). Lá, uma série de eventos misteriosos o levam ao lar de uma garça, uma torre antiga, onde ele entra em um mundo fantástico partilhado pelos vivos e pelos mortos.

“O Menino e a Garça” é uma imersão entre o mundo real e fantástico, algo sempre presente nos filmes do Estúdio Ghibli. Logo no começo do longa, vemos como o protagonista enfrenta os desafios do luto em meio a um Japão dilacerado pela guerra. O filme revela os horrores do conflito através de detalhes minuciosos, como os soldados patrulhando as ruas e a escassez de recursos mesmo em uma casa de classe alta. Esses elementos contribuem para criar uma atmosfera densa e palpável, onde a guerra está presente em cada aspecto da vida dos personagens.

Visualmente deslumbrante, “O Menino e a Garça” é um testemunho da habilidade de Hayao Miyazaki e do Estúdio Ghibli, que nunca decepcionam em trazer uma animação fluída e milimetricamente trabalhada nos movimentos, composição e cores das cenas. Os desenhos feitos à mão contribuem para criar um mundo rico em detalhes e beleza, algo tão importante de vermos no cinema de animação.

Miyazaki faz um filme legado, feito para espectadores que já estão familiarizados com o estilo reflexivo e contemplativo dos filmes do Estúdio Ghibli. Carrega diversas referências de seus longas icônicos, refletindo sobre sua própria vida, seu trabalho e também o momento de passar o bastão para o futuro da história do Estúdio Ghibli. Esse discurso é notável quando é apresentado o personagem idoso de barba e cabelos brancos, que é o criador do mundo fantástico. Ele expressa explicitamente sua busca por um sucessor para manter o equilíbrio do universo. Essa linha de diálogo adiciona uma camada adicional de significado à narrativa, sugerindo uma reflexão sobre a passagem do tempo, a responsabilidade e a continuidade das tradições e valores de Miyazaki.

O filme aborda temas complexos de maneira sensível, como o amadurecimento e o processo de lidar com a perda, mas ainda de forma muito rasa. A narrativa se dispersa em várias direções, como a relação conturbada de Mahito com sua madrasta que não é tão explorada, o que causa estranheza quando vemos que será a trama central do filme. Essa falta de clareza na motivação do protagonista, pode deixar alguns espectadores confusos e desconectados da história.

“O Menino e a Garça” carrega problemas para contar sua história, mas ainda consegue cativar com sua beleza visual e suas mensagens profundas sobre a vida, o luto e o legado deixado para as gerações futuras.

7

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