Evidências do Amor
Diretor
Pedro Antonio
Elenco
Fábio Porchat, Sandy Leah, Evelyn Castro
Roteirista
Pedro Antonio, Alvaro Campos e Luanna Guimarães
Estúdio
Warner Pictures
Duração
105 minutos
Data de lançamento
11 de abril de 2024
A maioria das comédias românticas possui uma fórmula muito simples, mas que geralmente funciona, até mesmo pela sua familiaridade. Em “Evidências do Amor”, nova comédia romântica nacional, alguns elementos são acrescentados à essa fórmula para tornar o filme ainda mais popular, ou mais comercial. Começando pelo casal protagonista, interpretado por Fábio Porchat e ninguém menos que Sandy, de volta às telas mais de 10 anos depois. Sandy já é uma grande estrela por si só, mas sua presença no filme é potencializada por uma outra protagonista: a música Evidências (praticamente um hino nacional), popularizada na voz de Chitãozinho e Xororó, pai e tio de Sandy.
A história é criativa, com a música Evidências como centro do casal Marco (Fábio Porchat) e Laura (Sandy Leah), que se conhecem num karaokê e cantam juntos depois de escolherem a mesma música. Eles se apaixonam, começam a namorar e ficam juntos por 2 anos, até que Laura termina repentinamente com Marco e, sem entender o que pode ter acontecido de errado, Marco fica preso na incerteza, sem conseguir seguir em frente. Um ano depois do término, no entanto, um fenômeno passa a acontecer com Marco quando ele ouve Evidências num parque: ele é levado ao passado, à uma memória antiga de seu relacionamento, uma memória que, para ele, sempre foi feliz, mas ao vivenciá-la novamente, percebe que não fora tão feliz quanto ele recordava. Sua imersão na memória dura o tempo em que ele estiver ouvindo a música, mas ele logo percebe que não vai conseguir evitar essas viagens ao passado, já que Evidências toca a todo tempo e em todos os lugares possíveis, o levando a enfrentar suas memórias e descobrir que ele mesmo não é tão perfeito quanto imaginava.
O que movimenta a trama é o fato de que Marco é um narrador não confiável e, assim como ele não entendo o porquê de Laura ter terminado um relacionamento aparentemente perfeito, nós também não entendemos, até que começamos a ter uma visão mais ampla e imparcial do passado do casal através das visitas às memórias. O problema de estar sempre revisitando memórias (e, de novo, temos isso em comum com Marco) é que o processo acaba se tornando cansativo, há toda uma sequência no final, que mais uma vez mostra as mesmas memórias com ligeiras alterações, que poderia ter sido por um discurso sem qualquer prejuízo à narrativa; o filme teria se beneficiado de alguns minutos a menos.
Outro elemento que tem seus prós e contras é o casal principal, os nomes de Porchat e Sandy atraem atenção – e público – naturalmente, então colocá-los como força motriz dessa trama parece um movimento obviamente certo, mas com nomes tão marcantes e já presentes no imaginário coletivo, é difícil romper a barreira da figura pública para que eles possam ser vistos como atores e, então, como seus personagens. A caracterização de Porchat para esse personagem é praticamente inexistente, fisicamente falando, seu cabelo é o mesmo, os óculos, a barba, é difícil desassociar a imagem do apresentador/comediante Fábio Porchat do personagem Marco, por mais que ele seja um bom ator, o mesmo desafio se apresenta para Sandy, que não atuava há pelo menos uma década. Os dois estão bem em seus papéis, mas ainda assim é difícil de esquecer que estamos vendo Porchat e Sandy.
“Evidências do Amor” tem o necessário para conquistar o público fã de comédias românticas, do humor de Porchat e da figura de Sandy. É uma história leve e divertida, capaz de te arrancar boas risadas, não só pelo Porchat, mas também pela participação incrível de Evelyn Castro, que deixa sua marca mesmo sem tanto tempo de tela. Por outro lado, algumas decisões não permitem que esse se torne um filme maior e fure essas bolhas, como a repetição já mencionada e uma cena específica no final do filme que pouco tem a ver com o restante do enredo, mas parece ter sido colocada com a única intenção de criar um momento de catarse emocional – que funciona, inclusive, e pode fazer os mais sensíveis chorarem.
Por Júlia Rezende