O Dublê
Diretor
David Leitch
Elenco
Ryan Gosling, Emily Blunt, Hannah Waddingham
Roteirista
Drew Pearce, Glen A. Larson
Estúdio
Universal Studios
Duração
126 minutos
Data de lançamento
03 de maio de 2024
Baseado no popular seriado dos anos 80, “O Dublê” (The Fall Guy, 2024) faz uma reentrada triunfante nas telas com uma proposta ambiciosa que homenageia os verdadeiros heróis de Hollywood, aqueles cujos rostos raramente são lembrados pelo grande público. No original, “The Fall Guy” era uma série amada por suas emocionantes perseguições e acrobacias, executadas muitas vezes pelo protagonista Lee Majors (não vá embora até o fim dos créditos). Este conceito único é o que o filme de 2024 tenta reviver e modernizar, misturando nostalgia e contemporaneidade para capturar a essência da era dourada das perseguições cinematográficas.
Sob a direção de David Leitch, conhecido por seu trabalho anterior em filmes de ação como “Deadpool 2” e “Atômica”, e mais recentemente “Trem-Bala” (2022), “O Dublê” oscila na habilidade de equilibrar ação frenética com momentos de calmaria. Essa falta de equilíbrio ocasional transforma o filme em uma montanha-russa de intensidade que pode sobrecarregar o espectador, procurando, mas nem sempre conseguindo, o equilíbrio necessário para uma experiência cinematográfica coesa.
O elenco é grandioso e segura muito bem as duas horas de filme. Ryan Gosling continua brilhando intensamente após o sucesso de “Barbie” (2023) e traz profundidade e carisma ao seu papel, reafirmando sua posição como um dos atores mais versáteis e magnéticos de sua geração. Emily Blunt, conhecida por seus papéis em “Um Lugar Silencioso” e “A Garota no Trem”, oferece uma atuação refrescante e vital, evitando clichês de “empoderamento feminino” forçados, optando por uma performance que homenageia a sutileza e força das atrizes do passado, enquanto traz uma energia renovada que é crucial para o filme. Hannah Waddingham, da fama de “Ted Lasso”, surpreende com uma performance que equilibra humor e seriedade, enquanto Aaron Taylor-Johnson luta para se encaixar, com uma atuação que fica aquém das exigências do papel.
A trilha sonora de “O Dublê” se destaca por recuperar clássicos da época da série original, uma escolha que enriquece a atmosfera do filme. Um toque de Taylor Swift adiciona uma camada de relevância contemporânea, conectando o filme com o público mais jovem enquanto mantém seu apelo nostálgico. A narrativa do filme faz uso inteligente de referências visuais e temáticas a sucessos recentes como “Duna” e “Mad Max”, utilizando esses elementos para embasar seus aspecto cômico e debochado. A direção de arte, com seus contrastes vibrantes, complementa perfeitamente o ritmo acelerado do enredo, criando um espetáculo visual que é tanto um deleite para os olhos quanto um aceno para a estética dos anos 80.
Embora “O Dublê” possa ser visto como um excelente passatempo e uma peça de entretenimento bem feita em meio a um mar de produções medíocres, ele se posiciona mais como um bom divertimento do que como uma obra-prima. É um lembrete potente de que o cinema pode ser grandioso e divertido, sem necessariamente tentar reinventar a roda para ser eficaz. Para os amantes da ação e da nostalgia, o filme oferece uma experiência memorável, embora possa não satisfazer completamente aqueles que buscam uma narrativa mais densa e consistente. “O Dublê” celebra os heróis não cantados do cinema com um tributo visual e emocional que respeita seu material de origem enquanto se esforça para falar a uma nova geração.