6,2/10

Jardim dos Desejos

Diretor

Paul Schrader

Gênero

Drama

Elenco

Joel Edgerton, Sigourney Weaver, Quintessa Swindell

Roteirista

Paul Schrader

Estúdio

Pandora Filmes

Duração

110 minutos

Data de lançamento

30 de maio de 2024

Um jardineiro meticuloso que é comprometido a cuidar dos terrenos de uma bela propriedade e a agradar sua patroa, uma rica viúva.

“Jardim dos Desejos” (Master Gardener), marca a conclusão de uma trilogia não planejada do diretor Paul Schrader, explorando a solidão e os conflitos internos de homens problemáticos e solitários. Seguindo os passos de “First Reformed” (2018) com Ethan Hawke e “The Card Counter” (2021) com Oscar Isaac, Schrader nos apresenta Narvel Roth, interpretado por Joel Edgerton, um horticultor meticuloso e introspectivo cujo trabalho em um belo jardim histórico serve como refúgio para seu perturbado passado.

A narrativa se desenrola nos Jardins Gracewood, onde Narvel trabalha sob a supervisão de Norma Haverhill (Sigourney Weaver), uma viúva rica e sua amante ocasional. Sua rotina meticulosa é interrompida quando ele é designado para cuidar da jovem Maya (Quintessa Swindell), a problemática sobrinha-neta de Norma. A chegada de Maya desencadeia uma série de eventos que revelam os segredos sombrios do passado de Narvel, incluindo seu histórico como ex-militar e neonazista.

Quando a informação de que o protagonista tem o corpo cheio de tatuagens com a suástica nazista, abre-se uma nova percepção do espectador sobre seu caráter, quebrando a primeira imagem que o filme traz de um personagem sem preconceitos e cuidadoso. E essa questão é amplamente explorada quando é a vez de Maya, uma mulher negra, perceber que se apaixonou por um ex-neonazista, e o mesmo pode-se dizer de Narvel em se apaixonar pela figura que por tantos anos ele odiou.

Schrader utiliza a jardinagem como uma metáfora poderosa para a transformação e redenção. Narvel é um homem de poucas palavras, mas suas interações com plantas e flores revelam sua paixão e meticulosidade, contrastando com seu passado violento. A relação complexa entre Narvel, Norma e Maya é central para a narrativa, explorando temas de poder, redenção e preconceito de maneira multifacetada.

O filme se destaca pela fotografia exuberante de Alexander Dynan, que já trabalhou com Schrader nos filmes anteriores da trilogia. As imagens dos Jardins Gracewood são visualmente deslumbrantes, quase como pinturas que refletem o desejo do protagonista por ordem e beleza, e posteriormente, por renovação através de seu relacionamento com Maya.

No entanto, o longa tropeça ao se aventurar em subtramas desnecessárias que desviam do aprofundamento dos personagens. A transição para uma narrativa focada no mundo do crime, com Narvel e Maya fugindo e vivendo em motéis, parece deslocada e pouco desenvolvida. A resolução do filme, infelizmente, carece da profundidade e criatividade que marcam o início da história, resultando em um final que pode parecer apressado e insatisfatório.

“Jardim dos Desejos” é interessante por trazer as complexidades humanas e ser esteticamente bonito, embora fique aquém do potencial sugerido por seu início narrativo. A jornada de Narvel, marcada pela luta entre seu passado e suas tentativas de redenção, oferece uma reflexão profunda sobre a persistência dos seus atos e demônios internos. Schrader conclui sua trilogia com um filme que, embora imperfeito, reforça sua habilidade em criar impacto e personagens cheios de camadas.

7

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