Entrevista com o Demônio

Na próxima quinta-feira, dia 04, estreia nos cinemas o novo filme de terror “Entrevista com o Demônio”, que promete uma abordagem original dentro do gênero. Dirigido e roteirizado pelos irmãos Cameron e Colin Cairnes, o longa-metragem apresenta “Night Owls”, um talk show fictício conduzido pelo carismático Jack Delroy, interpretado por David Dastmalchian.

Desde o início, o filme se passa como se fosse um documentário, com o espectador assistindo, na íntegra, ao programa que se tornou famoso pelo que aconteceu no especial de Halloween. A narrativa adota um formato de reportagem televisiva, delineando a ascensão e queda de Jack, que luta para sair das sombras de Johnny Carson, icônico apresentador do “The Tonight Show”. Jack, que se desdobra para conquistar audiência com atrações cada vez mais sensacionalistas, resolve entrevistar uma jovem chamada Lily, que supostamente é possuída por um demônio.

O roteiro que segue a linha de found footage, apresenta um ótimo ritmo, especialmente considerando que o filme se passa inteiramente em um único cenário. A limitação de espaço é compensada pela narrativa dinâmica, mas a necessidade de manter a estrutura de um programa de TV acaba resultando em algumas pontas soltas, como a falta de explicações sobre o passado misterioso de Delroy. A parte final do filme se torna um pouco confusa e atrapalhada ao tentar mostrar os fatos, optando por um caminho mais enigmático que pode deixar o espectador com a sensação de que poderia ter sido melhor finalizado. Para uma história tão original, que prende quem assiste, infelizmente não tem uma conclusão tão satisfatória.

Já a estética de “Entrevista com o Demônio” é excepcional. A fotografia, direção de arte e colorização são meticulosamente trabalhadas para recriar a atmosfera dos programas de televisão dos anos 1977. O filme se passa inteiramente como se fosse um programa de TV, com o público assistindo aos bastidores e cenas inéditas durante os intervalos, criando uma imersão completa no universo fictício.

Os efeitos especiais são outro destaque, remetendo à cultura pop dos anos 70. O uso de efeitos práticos, como os vistos em filmes de John Carpenter, como “O Enigma de Outro Mundo”, é evidente. Há cenas nojentas com insetos e monstros grotescos que evocam o estilo da época. Além disso, há efeitos mais simples e de baixo orçamento que, embora datados para os padrões atuais, eram impressionantes na década de 1970. Uma cena em especial, onde a personagem Lily está possuída e raios emanam de seu corpo, remete a clássicos como “Poltergeist” (1982).

Os irmão Cairnes se empenharam em trazer algo diferente ao cinema de terror contemporâneo, escapando da fórmula saturada que tem dominado o gênero nos últimos tempos. Enquanto muitos filmes de terror recentes têm falhado em marcar algo significativo, este filme se destaca por sua originalidade e abordagem única, algo que tanto o gênero precisa.