Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo
Diretor
Eli Roth
Gênero
Ação , Aventura , Ficção Científica
Elenco
Cate Blanchett, Kevin Hart, Edgar Ramírez
Roteirista
Eli Roth
Estúdio
Paris Filmes
Duração
101 minutos
Data de lançamento
08 de agosto de 2024
Ainda que o saldo de adaptações de videogames para o cinema seja negativo, filmes do tipo estão longe de serem extintos. A mais recente adaptação de game para o cinema é Borderlands, baseada na franquia de games looter-shooter, lançada há 15 anos. O projeto não é de agora, as filmagens do longa terminaram em 2021, antes de Cate Blanchett ser indicada ao Oscar por Tár e antes de Jamie Lee Curtis vencer um Oscar por Tudo Em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, mas nem o timing poderia explicar o porquê dessas atrizes – e de todo o elenco, na verdade – decidirem fazer parte do elenco, é realmente o tipo de coisa que só o dinheiro (muito, muito dinheiro) justifica.
Com uma introdução narrada por Lilith (Cate Blanchett), somos apresentados ao básico do universo que acompanharemos ao longo do filme. É uma introdução direta e abrangente o suficiente para uma ficção-científica/aventura. É através da Lilith também que conhecemos Tina (Ariana Greenblatt), a jovem que será peça central de toda a empreitada. Os outros membros do grupo vão se juntando aos poucos: Roland (Kevin Hart), Krieg (Florian Munteanu), Tannis (Jamie Lee Curtis) e Claptrap (com a voz de Jack Black). É um grupo desajustado, composto por pessoas (e robô) de moral duvidosa, encabeçado por Lilith, que é uma caçadora de recompensas e seu próximo trabalho é caçar Tina para o seu pai e magnata Atlas (Edgar Ramírez). O primeiro ato é moderadamente divertido, a construção desse universo cinematográfico é interessante, com muitas possibilidades à vista. O tom é promissor, talvez não de uma grande obra-prima, mas de um filme de super-heróis às avessas, como já vimos dar certo em O Esquadrão Suicida e Guardiões da Galáxia. O andróide Claptrap é engraçado o suficiente e o grupo tem lá seu carisma, mas os problemas começam quando o enredo se desenrola e a direção parece não conseguir acompanhá-lo, ou ao menos entrar numa harmonia.
Não sendo jogadora do game, minhas expectativas para Borderlands eram nulas – eu não sabia o que esperar além de ação e aventura. Num filme ambientando num universo tão sem regras, em que tudo é possível e as nossas leis não se aplicam, o mínimo que se espera é divertimento. Num filme com armas gigantes e personagens com força inumana, as cenas de luta têm obrigação de serem interessantes e com um personagem como o Claptrap, sem filtros e cheio de comentários sagazes, até mesmo a comédia poderia ter voado. Eli Roth, o diretor, parece entender essas aberturas, mas não parece saber o que fazer com elas. O roteiro é ok, os personagens são derivativos – tanto que as atuações não podem salvá-los (e estamos falando de Cate Blanchett aqui!!!!). O visual é muito interessante e chama atenção, até certo ponto, mas onde a ação deveria tomar os holofotes, ela simplesmente falha – e leva todo o resto com ela.
Borderlands não é um filme para se odiar, porque ele simplesmente não desperta sentimento algum. Não há material suficiente para que você se conecte com os personagens, torça por eles ou sofra com eles. Você pode rir vez ou outra, mas nunca gargalhar. As cenas de ação, além de pouco inspiradas, são simplesmente mal feitas, com falhas de CGI, cortes que causam estranheza e pouca fluidez de movimentos, mesmo em lugares mais constritos, ainda é fácil se perder em relação ao que está acontecendo e em momento algum, nem mesmo no terceiro ato, quando coisas “grandiosas” acontecem, o filme consegue empolgar. É uma tristeza que uma produção que levou tanto tempo, de uma franquia que carrega uma legião de fãs, com um elenco que já provou seu valor em outras obras, o resultado seja tão inexpressivo e esquecível. Borderlands poderia ter sido um evento, em vez disso é só mais um filme de videogame que não deu certo.
Por Júlia Rezende