Meu filho, Nosso Mundo
Diretor
Tony Goldwyn
Elenco
Bobby Cannavale, William A. Fitzgerald, Tess Goldwyn
Roteirista
Tony Spiridakis
Estúdio
Diamond Films
Duração
100 minutos
Data de lançamento
15 de agosto de 2024
“Meu Filho, Nosso Mundo” chega aos cinemas brasileiros trazendo um trama emocionalmente carregada e cheia de nuances, ancorada por um elenco de peso que inclui nomes como Bobby Cannavale, Robert De Niro, Whoopi Goldberg e o sempre carismático ator que ficou eternizado como Dwight em “The Office”, Rainn Wilson.
A história gira em torno de Max(Cannavale), um comediante de stand-up que se vê às voltas com o desafio de criar seu filho autista, chamado Ezra (William A. Fitzgerald), enquanto lida com o processo de divórcio com a sua ex-mulher (Rose Byrne). Embora eles mantenham uma relação relativamente amigável, o filme deixa claro as complexidades e as tensões que surgem nessa dinâmica, especialmente quando o filho começa a apresentar dificuldades na escola, culminando em sua expulsão. É nesse ponto que a trama ganha força, explorando a relutância de Max em aceitar que seu filho precise de uma educação especial, pois ele acredita que essa decisão o afastaria da realidade do mundo.
Um dos pontos altos do filme é a atuação do jovem ator William A. Fitzgerald, que traz uma interpretação genuína e sutil, evitando cair nos estereótipos mais comuns de uma pessoa autista e entregando um personagem autêntico, que lida com suas próprias limitações e desafios.
A relação entre Max e seu filho é o coração do filme, oferecendo momentos de tensão, ternura e, eventualmente, crescimento mútuo. Max, por sua vez, luta com a falta de paciência e com o desejo de preparar seu filho para o mundo real, mesmo que isso signifique forçá-lo a situações desconfortáveis. Essa batalha interna é onde o ator Bobby Cannavale brilha, mostrando um pai cheio de falhas, mas profundamente amoroso.
Robert De Niro, como o pai de Max, traz uma profundidade adicional ao filme. Seu personagem, um ex-chefe frustrado e emocionalmente distante, serve como um contraponto ao estilo de paternidade de Max. O filme explora bem a dinâmica entre gerações, mostrando como os traumas passados podem impactar as escolhas futuras. É interessante ver como Max, tentando ser o oposto do pai, acaba repetindo alguns dos mesmos erros, especialmente quando se trata de lidar com a vulnerabilidade do filho.
“Meu Filho, Nosso Mundo” também se transforma em um road movie à medida que Max decide fugir com o filho, criando situações que desafiam a lógica e o bom senso. Enquanto o filme se esforça para equilibrar o drama com momentos de humor e aventura, ele acaba, em alguns momentos, pendendo para o melodrama. A decisão de Max de raptar o filho, mesmo que bem-intencionada, é tratada de forma um tanto simplista, normalizando um comportamento que, na vida real, teria consequências mais graves. A relação do filme com a realidade é ambígua, oscilando entre a autenticidade e um certo escapismo fantasioso.
Ainda assim, o filme acerta ao humanizar a experiência de ser pai de uma criança autista, destacando que, apesar dos desafios, é possível encontrar beleza e conquistas em pequenas vitórias cotidianas. Max, embora imperfeito e muitas vezes difícil de defender, é um personagem com várias camadas, o que o torna real e relacionável. O filme é uma jornada emocional que, apesar de suas falhas, oferece uma visão sincera e, por vezes, comovente sobre paternidade, autismo e a busca por conexão em um mundo cheio de ruídos e expectativas.
No final das contas, é um filme que pode ressoar com quem procura uma história que aquece o coração, ainda que às vezes exagerada em seu sentimentalismo. É uma obra que, embora não seja perfeita, tem o mérito de trazer à tona discussões importantes e de humanizar personagens que raramente são o foco em grandes produções cinematográficas.