5.5/10

Ligação Sombria

Diretor

Yuval Adler

Gênero

Ação , Suspense

Elenco

Nicolas Cage, Joel Kinnaman, Alexis Zollicoffer

Roteirista

Luke Paradise

Estúdio

Diamond Films

Duração

90 minutos

Data de lançamento

19 de setembro de 2024

Em LIGAÇÃO SOMBRIA, Nicolas Cage e Joel Kinnaman protagonizam uma noite de terror psicológico e ação. O filme acompanha um motorista (Kinnaman) que se vê forçado a levar um passageiro misterioso (Cage) sob a mira de uma arma. Isolado em seu carro, ele deve dirigir e seguir à risca as regras impostas pelo passageiro violento. Ao longo da noite, acontecimentos inesperados revelam que nem tudo é o que parece.

Poucos dias depois do lançamento brasileiro de Longlegs – Vínculo Mortal, em que Nicolas Cage interpreta um serial killer enigmático e perturbador, ele volta a viver um homem enigmático e “assustador”, mas bem diferente de Longlegs, em todos os sentidos. Nicolas Cage transformou sua carreira numa verdadeira roleta russa, participando de todo tipo de projeto com diferentes tipos de interpretações; a título de exemplificação, eu amei “O Homem dos Sonhos” e odiei “Plano de Aposentadoria”, é difícil de acreditar que Nicolas Cage tenha participado dos dois, inclusive. “Longlegs – Vínculo Mortal” foi bom o suficiente, então faz algum sentido que “Ligação Sombria” seja menos que satisfatório. O visual do filme como um todo impressiona, de certa forma, assim como o visual de Nicolas Cage e algumas cenas do trailer, mas a todo tempo, parece que o filme se escora nas aparências (não necessariamente apenas do visual, mas também nas frases prontas e tropos) para disfarçar a fragilidade da história que pretende contar.

É irônico, no entanto, que é justamente a aparência que indica desde sempre que algo está errado. Joel Kinnaman interpreta um homem que está deixando o filho com os avós para poder se encontrar com a mulher que está prestes a dar à luz a seu segundo filho no hospital. David tem toda uma “vibe” de homem comum, mas é uma percepção visivelmente forçada: o corte de cabelo repartido para o lado, a camisa de flanela xadrez, o óculos simplista; tudo nele faz lembrar qualquer personagem que está se disfarçando para passar despercebido. Porém, ao chegar no estacionamento do hospital, ele é interceptado por um estranho que entra em seu carro, aponta uma arma para sua cabeça e exige uma “carona” para algum lugar que ele vai revelar depois. Boa parte do filme é os dois dirigindo na estrada enquanto David tenta entender o que está acontecendo, só o que o estranho diz é que conhece David do passado e tem algum tipo de conta a acertar com ele. 

Essa troca entre David e o estranho compõe basicamente todo o enredo: David diz que nunca viu o homem antes, o estranho diz que viu que o acusa de crimes. No meio disso, há algumas distrações, como policiais, garçons e clientes num restaurante de beira de estrada e, bom, na verdade é só isso, e o destino de todos é tão previsível quanto todo o resto. O roteiro de Luke Paradise é, no máximo, razoável, senão pouco inspirado, enquanto a direção de Yuval Adler tenta acrescentar alguns elementos mais lúdicos, mas falha em passar a tensão necessária para que a gente possa sentir o que os personagens estão sentindo e não servir como meros espectadores à parte da emoção. A atuação de Nicolas Cage é o ponto mais imprevisível e, consequentemente, mais interessante. Se nada mais dá tão certo, Nicolas Cage ao menos está se divertindo, fazendo com seu personagem o que quer, o que aumenta o mistério que o envolve, na cena do restaurante isso fica bem claro e não é à toa que essa é também a melhor cena do filme.

Para um filme como esse ter êxito como um thriller de ação, muitos elementos precisam estar alinhados, mas “Ligação Sombria” depende muito do seu “plot twist” para, de fato, funcionar. O problema é que o plot twist não tem tanto de “twist” e perde o tão aguardado impacto. Os personagens têm suas histórias passadas mais mencionadas do que propriamente desenvolvidas, nos distanciando ainda mais de suas motivações. O que temos no final é um filme que não passa da superfície do que poderia ser.

 

Por Júlia Rezende

6.5

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