Ainda Somos os Mesmos

“Ainda Somos os Mesmos” chegou aos cinemas com a promessa de retratar um período sombrio da história da América Latina, a ditadura militar no Chile (1973-1990), mas infelizmente não consegue entregar uma narrativa convincente.

O filme, baseado em uma história real, explora a fuga de Gabriel (Lucas Zaffari) da ditadura militar brasileira (1964-1985) para o Chile, onde, ironicamente, se depara com outro regime autoritário. A premissa é forte, especialmente por abordar temas que ecoam na política atual, mas a execução deixa a desejar.

O maior problema de “Ainda Somos os Mesmos” é o roteiro, que se perde em diálogos fracos e personagens mal desenvolvidos. O ritmo da trama é prejudicado por decisões apressadas e por uma estrutura que torna o enredo confuso. A falta de coesão entre as cenas, aliada a uma montagem confusa, gera uma experiência monótona. Isso impede que o público se conecte com Gabriel, cuja jornada deveria ser o ponto central do drama.

Os flashbacks, que teoricamente serviriam para dar profundidade ao protagonista, acabam interrompendo o fluxo da narrativa, enfraquecendo o impacto emocional que a história poderia ter.

As atuações, mesmo com nomes conhecidos do cinema e da dramaturgia brasileira como Edson Celulari, Caro Castro e Nicola Siri, mas não são memoráveis. Em vários momentos, os diálogos soam artificiais e exagerados, mais próximos de novelas do que de uma obra cinematográfica, o que pode ser atribuído à direção de Paulo Nascimento e também ao vício do elenco no estilo novelesco de atuação. Isso compromete ainda mais a seriedade da história e o seu potencial.

Com uma temática tão relevante – especialmente em um contexto de ascensão da extrema direita e tentativas de golpes de estado, como o ocorrido no Brasil em 2023, algo que o longa relembra no seus créditos – o filme tinha a oportunidade de ser um marco no cinema brasileiro. Infelizmente, as escolhas erradas fizeram com que “Ainda Somos os Mesmos” falhasse em transmitir todo o peso de sua mensagem.