Pacto de Redenção
Diretor
Michael Keaton
Elenco
Michael Keaton, James Marsden, Suzy Nakamura
Roteirista
Gregory Poirier
Estúdio
Diamond Films
Duração
114 minutos
Data de lançamento
26 de setembro de 2024
Em 2022, Liam Nesson estrelou o filme “Assassino Sem Rastro”, em que ele interpreta um assassino de aluguel com Alzheimer. No começo desse ano, Russell Crowe fez “A Teia”, em que ele interpreta um ex-detetive com uma doença misteriosa que causa perda de memória. Agora é a vez de Michael Keaton viver um assassino com uma doença que causa demência de forma agressiva e absurdamente veloz. Talvez o filme fosse mais interessante se tivesse sido lançado antes desses outros e a ideia de alguém que lida com assassinatos passando por problemas de memória ainda fosse novidade, mas dentre os três, consegue ser a melhor opção, ainda que seus primeiros atos sejam mais básicos do que poderiam ser.
“Pacto de Redenção” além de trazer Michael Keaton como protagonista, é também o segundo longa dirigido por ele. Na frente das câmeras ele vive o assassino de aluguel John Knox, que descobre uma grave doença que promete acabar com seu intelecto em apenas algumas semanas. Depois que um trabalho que deveria ser fácil para ele acaba dando errado, ele decide começar o processo do fim e colocar sua vida em ordem para deixá-la sem pontas soltas. O que sabemos da vida de Knox é que ele tem uma ex-mulher, uma prostituta que vai à sua casa uma vez por semana e um filho. Esse filho, Miles Knox (James Marsden), dificulta os planos de John de partir pacificamente quando aparece na casa do pai após assassinar um homem por vingança – ele precisa da ajuda de John, um profissional no assunto, ainda que sua relação com o pai não seja muito boa.
A lista de coisas a se fazer antes de morrer ganha o item “livrar meu filho da prisão”, uma tarefa ainda mais complicada do que poderia ser, já que a memória de John se deteriora cada vez mais rápido. É, de fato, uma premissa interessante, mas diversos fatores no filme impedem que ele alcance o que poderia oferecer. A começar pela direção, em que Michael Keaton opta pelo óbvio, sem nuances ou ao menos estabelecer uma conexão entre imagem e a condição de seu personagem. Quando Knox percebe que não se lembra de algo, vê tudo tremer, como se estivesse num terremoto, e isso é tudo. É uma direção pouco inspirada e todos perdem com isso. A trama de Knox se entrelaça com a subtrama dos detetives que tentam detê-los, a dinâmica é interessante, principalmente nas vezes em que Knox prova ser bom mesmo quando já não temos mais tanta confiança em suas decisões, mas talvez fosse mais proveitoso para a narrativa como um todo se o foco maior se mantivesse sempre em Knox, que sempre dá indícios de ser uma grande figura, mas continuamos a conhecê-lo apenas pela superfície.
O que “salva” o filme de ser algo apenas insípido é o seu terceiro ato, que corre para recuperar algumas oportunidades perdidas nos anteriores e deixa uma memória mais agradável do que acabamos de assistir, ainda que seu enredo passe a sensação de pertencer a outro tempo, alguns anos mais antigo do que vivemos. Seja como for, é difícil não considerar o desperdício de talentos (até Al Pacino está no elenco) e de boas ideias num filme que se esforça para não cair no esquecimento, sem muito êxito.
Por Júlia Rezende