Robô Selvagem
Diretor
Chris Sanders
Gênero
Animação
Elenco
Roteirista
Chris Sanders
Estúdio
DreamWorks
Duração
102 minutos
Data de lançamento
10 de outubro de 2024
Umas das melhores surpresas no cinema é ir assistir a um filme “propositalmente” infantil e acabar se divertindo ainda mais que as crianças. A Pixar e a Dreamworks tem histórico em atingir esse feito algumas vezes e agora, a história se repete com a nova produção da Dreamworks, “Robô Selvagem”. O cartaz e o trailer do filme, e até mesmo o título, com um Robô sendo colocado no meio da natureza, em meio a debates cada mais frequentes sobre o avanço da Inteligência Artificial, podem sugerir que você já saiba do que se trata a animação e o rumo que vai tomar, mas você estaria enganado. Misturando comédia e drama com muita sensibilidade e inesperada maturidade, “Robô Selvagem” é uma viagem tão divertida quanto reflexiva com uma mensagem profunda, mas também extremamente acessível e relacionável.
A Robô é Roz, um modelo movido a ordens de serviço, criada para satisfazer as necessidades dos humanos como afazeres domésticos, consertar coisas e responder perguntas, mas quando ela acaba caindo no meio da floresta, sem qualquer humano, ou robôs à vista, é obrigada a se adaptar. Os animais a viam como ameaça, o que os levavam a atacá-la ou a fugir dela. Para sobreviver com todas as suas partes intactas, Roz aprende a imitar o comportamento dos outros animais e, usando sua inteligência artificial, se torna capaz até mesmo de entender os animais e se comunicar com eles. Com um “corpo” praticamente indestrutível, conhecimento infinito e aprendizado acelerado para se safar, ela logo atrai a atenção da raposa Fink, que vê em Roz uma oportunidade de tirar proveito e poder seguir seu instinto predador sem sofrer com as consequências da cadeia alimentar. Tudo começa a mudar, no entanto, quando Roz se vê com um único ovo de ganso, que choca em suas mãos e dele nasce um pequeno gansinho que viria a se chamar Bico-Vivo.
Como Roz foi a primeira coisa que Bico-Vivo vê quando sai do ovo, ele associa sua imagem com a de uma mãe. A princípio, Roz não entende o que está acontecendo, já que esse tipo de sentimento não faz parte de sua programação, mas Fink lhe dá a missão de impedir que o filhote se machuque e de ordens a Roz entende – e leva muito a sério. Os três formam uma pequena família nada tradicional, mas que funciona, até que Roz e Fink percebem que um ganso que age como um robô tem pouco espaço na dinâmica da vida selvagem, e as relações criadas são desafiadas pela natureza de cada um deles. Os contrastes entre natureza selvagem e a tecnologia são óbvios, mas o que o filme faz é conectar a programação de uma inteligência artificial com o instinto animal e fazer com que a gente se questione e se emocione acerca da nossa própria essência e dos papéis que a sociedade espera que a gente performe.
O filme é desenvolvido de forma primorosa, feito para agradar a qualquer idade. O visual é lindo, os personagens são extremamente carismáticos, não só o trio protagonista, mas também todos os outros animais, que fazem o uso perfeito do humor para fazer rir. O primeiro ato é extremamente engraçado, mas o filme sabe equilibrar todos seus elementos com a complexidade de sua trama e a partir da segunda metade, a comédia dá espaço para o drama e se aprofunda na relação entre Roz e Bico-Vivo de um jeito capaz de entreter as crianças ao mesmo tempo que envolve os adultos em um nível ainda mais intenso. Com a temporada de premiações prestes a começar, é difícil não pensar em “Robô Selvagem” como um indicado na categoria de Melhor Animação.
Por Júlia Rezende