Sorria 2

A expectativa geral com sequências é de que elas sejam maiores e, com sorte, melhores, mas essas expectativas raramente são alcançadas. Para sorte de todos, Sorria 2 é uma dessas exceções, potencializando todos os aspectos apresentados no primeiro filme, a sequência faz um excelente trabalho em se manter fiel à sua essência, mas levando-a a novos e excitantes lugares. Sorria já foi um dos filmes de terror de maior destaque de 2022, trazendo a temática do trauma, muito usada nos filmes do gênero, mas de uma forma irreverente, além do marketing genial que soube fazer um excelente uso do sorriso arrepiante característico do filme. Apenas 2 anos depois, novamente com Parker Finn no controle do roteiro e da direção, Sorria 2 mostra a capacidade de franquia que, por conta da natureza de “corrente” da maldição, pode se tornar uma antologia sem limites para a imaginação, desde que continue seguindo o caminho em que está. 

Em Sorria 2, a protagonista é Skye Riley (Naomi Scott), uma pop star que já experimentou sua dose de traumas, ela está voltando aos holofotes depois de passar um ano afastada para tratar de sua saúde mental e do vício em álcool e drogas que a levaram a um grave acidente de carro. Ao que tudo indica, Skye realmente se arrepende de seu comportamento e está disposta a adotar novos hábitos e encarar sua carreira de uma forma mais saudável e profissional, mas nem todos ao seu redor parecem estar na mesma página. Assim como muitos artistas e celebridades, Skye não tem uma rede de apoio muito confiável. Apesar de ter sua mãe como empresária, elas não têm as mesmas prioridades e Skye se vê sozinha a maior parte do tempo; até com sua melhor amiga Skye tem dificuldade em se aproximar, tendo brigado com ela ainda antes do acidente. Em resumo, nada está a favor de Skye ou de sua tentativa de levar uma vida mais moderada.

Se você assistiu Sorria, você sabe que esse é o cenário perfeito para que Skye seja assombrada e ainda mais tragédias aconteçam. Ainda que o fator psicológico do primeiro filme esteja aqui, ele é tratado de uma forma nova, agregando novos aspectos para criar uma história completa em si. A trama dá espaço para que a personagem de Skye se desenvolva com cuidado e com camadas, coisa difícil de se ver em filmes de terror, mas que aqui se integra naturalmente à narrativa de Parker Finn, fazendo analogias com temas como dependência, culpa e luto. Mas além de elevar o terror psicológico, “Sorria 2” também leva o gore para um outro nível, com mortes ainda mais violentas, sangrentas e impactantes.

Se “Sorria” já foi uma grata surpresa, “Sorria 2” é um presente ainda maior para os fãs de terror e de cinema no geral. Além do roteiro bem montado, com direito a um plot twist inteligente, o filme ainda conta com a atuação memorável de Naomi Scott, que prova ter o que é preciso para ser uma verdadeira scream queen. Com pouco tempo perdido e consciência do que queria passar, “Sorria 2” ainda termina com um final apoteótico que abre mil e uma possibilidades para novas sequências.

Por Júlia Rezende