Venom: A Última Rodada
Diretor
Kelly Marcel
Gênero
Ação
Elenco
Tom Hardy, Chiwetel Ejiofor, Juno Temple
Roteirista
Kelly Marcel
Estúdio
Sony Pictures
Duração
109 minutos
Data de lançamento
24 de outubro de 2024
Que Venom tenha virado uma franquia de relativo sucesso é uma grande surpresa. Um spin-off de Homem-Aranha com um simbionte alienígena e um jornalista que são obrigados a trabalharem juntos pode não parecer uma história à primeira vista, mas os anos provaram o contrário. Venom (2018) e Venom (2021) acertaram ao focar no relacionamento de Eddy e Venom e provaram que essa amizade era, de fato, a melhor parte da franquia. Ajuda o fato de que Tom Hardy parece ser o maior fã do filme e, agora na última parte da trilogia, se diverte tanto quanto se divertiu na primeira. O filme, no entanto, parece estar empacado na relação de Eddy e Venom, sem conseguir construir algo significativo para além dos dois, mesmo quando tenta. Se o roteiro de Kelly Marcel tivesse focado apenas na dinâmica entre os dois e em tudo que ela pode oferecer, seria ao menos a garantia de um filme divertido, mas a insistência em uma trama “maior” acaba atrapalhando.
Em Venom: A Última Rodada, um novo vilão se apresenta (e literalmente apresenta suas intenções), ele tem grandes ambições e além de se opor aos terráqueos, também tem os simbiontes como inimigos, mas ao invés de lutar suas próprias batalhas, ele envia um exército de alienígenas no lugar. De qualquer forma, é um vilão que não convence, tanto que é fácil esquecê-lo em alguns momentos. O ponto realmente interessante acaba sendo o encontro de Eddy com uma família no meio do deserto, eles viajam pelo país à procura de alienígenas e, quando estão a caminho da Área 51, que está prestes a ser desativada, encontram Eddy. É uma família excêntrica e carismática que acaba rendendo uns bons momentos. Além disso, temos a subtrama da cientista Teddy Paine (Juno Temple) que chega a ganhar um passado traumático que não justifica sua existência.
Entre uma viagem pelo deserto, com uma parada em Las Vegas para uma cena de dança, flashbacks, laboratórios e eventuais cenas de ação carregadas no CGI, sobra pouco de Eddy e Venom, ainda que a relação deles seja o grande impasse para toda a situação e o ritmo nunca parece acertado. As cenas acontecem sem conexão uma com a outra e o espectador não consegue se conectar com outros personagens senão o duo principal, mesmo quando eles despertam um pouco de nossa atenção. As apostas são altas, muita coisa está em jogo, mas esse senso de urgência nunca se traduz para a tela e o que fica é a sensação de que nada realmente relevante está contido na narrativa. Kelly Marcel, que já tinha sido roteirista da franquia mas agora estreia como diretora, não traz nada de novo para o filme.
Num momento em que se fala tanto da redundância dos filmes de super-heróis, Venom: A Última Rodada entra na lista crescente de filmes esquecíveis. Até mesmo a sensação que o filme passa é a de filmes de heróis da última década. Venom ter se tornado uma trilogia já é uma grande surpresa, mas merecia um final ao menos mais divertido, no mesmo nível de Venom: Tempo de Carnificina. Com um ritmo descompassado e uma vibe sem definição, até mesmo a cena final, que envolve uma montagem com trilha sonora do Maroon 5, fica num limbo entre seriedade e ironia e desperdiça o que poderia ser um momento poderoso. Quer dizer, quase a cena final, já que há uma cena pós-créditos (que abre mais perguntas do que oferece uma conclusão).
Por Júlia Rezende