7.0/10

O Quarto ao Lado

Diretor

Pedro Almodóvar

Gênero

Drama

Elenco

Tilda Swinton, Julianne Moore, John Turturro

Roteirista

Pedro Almodóvar

Estúdio

Warner Pictures

Duração

107 minutos

Data de lançamento

24 de outubro de 2024

Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton) eram amigas íntimas na juventude, quando trabalhavam juntas na mesma revista. Ingrid se tornou escritora de autoficção, e Martha, repórter de guerra. Elas foram separadas pelas circunstâncias da vida. Depois de anos sem contato, elas se encontram novamente em uma situação extrema, mas estranhamente doce. O Quarto ao Lado recebeu o Prêmio Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza 2024.

Almodóvar é o tipo de diretor que pode fazer de tudo e circular por todos os gêneros. Seu mais novo filme “O Quarto ao Lado”, é também o seu primeiro longa-metragem na língua inglesa, o que pode aproximá-lo do público norte-americano, mas pouco influencia em sua relação com o povo brasileiro; seja como for, o elenco traz rostos conhecidos e uma ambientação intimista capaz de fazer com que qualquer um sinta um grau de proximidade com a história e suas personagens. Baseado no livro “O Que Você Está Enfrentando”, de Sigrid Nunez, esse é o tipo de filme que deixa evidente suas origens literárias, se valendo muito mais de palavras do que necessariamente de imagem, ainda que a assinatura do estilo de Almodóvar se mantenha presente a todo momento – mesmo quando discreta. 

Sem tempo para grandes introduções, conhecemos Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton) quase ao mesmo tempo e já num momento crucial. Ingrid fica sabendo por uma amiga em comum que Martha está no hospital, com câncer terminal e Ingrid vai visitá-la, embora as duas já estivessem distantes há alguns anos. Ao que tudo indica, a amizade das duas já foi forte uma vez, quando eram mais jovens e trabalhavam para a mesma revista, mas Martha traçou sua carreira como jornalista de guerra enquanto Ingrid se tornou uma escritora de best-sellers, mas logo descobrimos que os anos que passaram sem contato não apagam a base do que as tornou amigas, que inclui sonhos e esperanças compartilhados (e um namorado também). “O Quarto ao Lado” fala muito de morte, de vida e de amizade também – e sobre como tudo isso está diretamente conectado. 

Pouco tempo depois de retomarem o contato, com Martha ainda no hospital, Ingrid descobre que Martha está praticamente sozinha, além de algumas poucas amigas, sua única família é sua filha com a qual tem um relacionamento extremamente complicado e distante. A amizade das duas, principalmente de Ingrid, é colocada à prova quando Martha faz um pedido delicado: sua doença é terminal, mas ela quer partir dentro de seus próprios termos, e quer que Ingrid esteja lá, no quarto ao lado, para que ela não fique só. Martha já sabe como vai fazer (um conhecido arranjou uma pílula de eutanásia na darkweb) e pretende alugar uma casa no interior para se acostumar com a ideia do fim e passar seus últimos dias e também já tem o álibi para que a amiga não seja incriminada pela polícia depois que seu corpo fosse descoberto, mas o mais importante para ela é que tenha alguém no quarto ao lado e depois que suas amigas mais próximas recusam, Ingrid se torna a última esperança e é assim que as duas acabam numa casa de arquitetura brilhante e toques de Almodóvar.

Nada em “O Quarto ao Lado” é realmente inesperado, desde as primeiras cenas você pode imaginar para onde a história está indo e qual será o seu desfecho, mas isso não é um problema já que esse é um filme muito mais reflexivo e expositivo do que narrativamente complexo. Praticamente todo minuto é carregado de diálogos verborrágicos, mas ricos, com ponderações e observações acerca de relacionamentos (românticos ou não), escolhas, vida e, principalmente, o que significa estar morrendo. É fácil identificar que essa história vem de um livro, e talvez fique ainda melhor nele, mas não deixa de ser um bom filme para se fazer pensar, não só pela direção sensível de Almodóvar, mas também pelas atuações espetaculares de Tilda Swinton e Julianne Moore.

 

Por Júlia Rezende

8

Missão cumprida

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