SINOPSE

Vencedor nas categorias de Melhor Ator (Marcello Novaes) e Atriz Coadjuvante (Clarissa Pinheiro), Roteiro e Figurino, e prêmio especial do júri, ‘Casa Grande’ se torna grandioso por diversos motivos. A simplicidade em como é abordado um tema tão pouco explorado no cinema nacional: a decadência de uma família classe alta. Outro motivo é o elenco, que consegue passar uma veracidade de forma primorosa e por fim, fazer com que o público o entenda e o encare do modo como se esperava. Levando em consideração que se trata de uma crítica social de uma família rica que tem que se adaptar a uma nova vida, a tal crítica é apreciada e ao mesmo tempo fere. Mas vai além de crítica social porque a plateia pode apreciá-lo.
O espectador é convidado a entrar em uma mansão e ver a crise de uma família rica. No início nos deparamos com Hugo, interpretado por Marcello Novaes num banho de piscina. Daí em diante o filme prende e torna interessante a cada minuto, principalmente quando retratada as relações familiares.

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A história se passa no Rio de Janeiro. Uma família rica está passando por uma crise financeira onde alguns dos luxos (como ter um motorista particular) são cortados. A situação piora quando o motorista decide colocar seu patrão (Marcello Novaes, excelente) na justiça ao ser demitido. O rico casal, para não falar sobre sua crise financeira, conversa em francês na frente da empregada (a pernambucana Clarissa Pinheiro, muito boa). O orgulho e a arrogância não permitem que eles se abram com os amigos. Os dois filhos adolescentes não sabem do perrengue que estão e também são cortadas algumas regalias. Seus empregados são uma nordestina, uma senhora negra e um homem com aquela cara de quem já trabalhou muito na vida (aparenta mais ser um sofredor pobre prestes a se aposentar), que refletem na classe proletária.

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A cada cena, o público é pego de surpresa e alguns flagrantes podem ser percebidos (como por exemplo, a intimidade que o garoto Jean tem com o motorista por causa da ausência do pai ou o jeito como a “candidata” a namorada de Jean conduz uma conversa sobre cotas em universidades – inclusive, a garota se mostra uma conhecedora do assunto e debate de igual pra igual). O longa é visto sob os olhos do adolescente Jean, um rapaz que está prestes a terminar o ensino médio (ele estuda numa escola só para meninos) e além de ter que se adaptar uma nova vida por causa das dificuldades, ainda tem que encarar insultos que referem a seu pai. O jovem, embora não pareça gostar de ter que ficar sem algumas mordomias, mostra um pouco de maturidade, demonstrando se conformar com a situação. Outro momento notável é a cena que mostra um noticiário num jornal sobre Eike Baptista (não é preciso entrar em detalhes não é?), que reflete também na situação em que se encontra a família.

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‘Casa Grande’ leva o público a um universo burguês em decadência com charme e simplicidade, graças ao seu roteiro soberbo, o elenco e as cenas ora engraçadas, ora reflexivas. O grande mérito do filme é a capacidade que ele tem de manter o interesse do começo ao fim por sua análise sem falso moralismo, com personagens que não se importam apenas com suas perdas financeiras, mas com suas preocupações existenciais. Simples, apreciável e contemplativo, ressalta também a vergonha sentida pelos personagens que insistem em aparentar que estão bem por causa da caracterização da trama que é de forma objetiva e precisa.

Sintam-se em casa e bem-vindos ao espetáculo do declínio do “império” de uma aristocrata família brasileira.

Trailer do filme:
https://www.youtube.com/watch?v=2e_493MGPBs

 

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