A FERA | IDRIS ELBA ENFRENTA UM LEÃO DESCONTROLADO NA SAVANA AFRICANA

Depois de Leonardo Di Caprio lutando com um urso, temos Idris Elba lutando com um leão. Em “A Fera”, o Dr. Nate Samuels (Idris Elba) e suas duas filhas vão visitar um amigo (Sharlto Copley) na África. A ex-mulher de Nate, mãe das duas meninas, faleceu recentemente e como Nate está tendo problemas para se relacionar com suas filhas, a viagem para o safári africano é uma tentativa de se reconectar tanto com as meninas quanto com suas raízes, que eram muito importantes para sua mulher.

Quando eles chegam na África do Sul e saem com Martin para um passeio pela savana africana, ficam sabendo de um leão que se desprendeu de seu bando e agora aterroriza a região, incluindo os caçadores ilegais, os verdadeiros vilões nesse caso. Então a trama aqui é essa: Nate deve provar seu papel de pai e protetor, salvando suas filhas das garras de um leão descontrolado à solta. E não é um leão sobrenatural, com superpoderes ou algo do tipo – apesar de tentarem dar a ele um ar de força superior, mas no final das contas ainda é “apenas” um animal, por mais feroz que seja. Está longe de ser um enredo ultra original ou complexo, e é só graças ao talento nato de Idris Elba para fazer personagens soturnos e durões e as belas imagens da savana que o filme consegue se manter interessante.

A direção de Baltasar Kormakur sabe como usar os planos certos para demonstrar a beleza e vastidão da savana africana em visuais de tirar o fôlego e que fazem um ótimo trabalho em te situar fisicamente na história. Vale também ressaltar sua direção nas cenas de ação e de luta, bem montadas elas transmitem adrenalina sem te deixar perdido em relação aos movimentos bruscos. Quando falamos das cenas centradas nos diálogos e interações mais mundanas no entanto, a direção peca ao se manter superficial e um tanto quanto robótica. Os personagens por si só já não são grandes fontes de inspiração, sendo feitos mais de estereótipos do cinema do que de singularidades e Kormakur pouco faz para suprir essas falhas, focando muito mais na fotografia do que em seu elenco.

A tensão criada pelo perigo iminente do “leão assassino” durante toda a extensão dos 90 minutos do filme funciona muito bem, misturando ação com suspense e a atuação de Idris Elba mantêm as expectativas até o grande embate entre fera e humano. A fera foi feita com CGI e apesar do resultado não ser perfeito, a luta não deixa de ser interessante.

Apesar dos visuais são bem explorados, a parte cultural (que é muito rica) foi pouco aproveitada e negligenciada em muitos momentos. Um mergulho na cultura africana teria trazido uma nova camada à trama, principalmente considerando que é estabelecido que a ex-esposa de Nate tinha grande apresso à cultura e ao vilarejo onde foi criada, tendo inclusive tentado passar esses ideais às suas filhas. Teria ajudado também os atores, que com pouco para trabalhar nesses personagens, não demonstram todas as facetas que têm a oferecer. Até mesmo as críticas aos caçadores ilegais são mais óbvias do que eficientes, também ficando na superficialidade.

“A Fera” é um filme para quem curte uma boa perseguição sem ter que pensar muito. Bons visuais, boas cenas de ação, uma trama simples e personagens carismáticos, ainda que não incríveis.

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