Filmado nas belas paisagens de Silis Maria na Suíça, ‘Acima das Nuvens’, que disputou no 67° Festival de Cannes em 2014, tem uma locação divina, residência da conhecida serpente de Maloja, onde quem observa pode ver nuvens se formando em forma de serpente e cobre quase todo o vale. Este fenômeno da natureza acontece pelas manhãs. O cenário serviu de inspiração para que o dramaturgo Wilhelm Melchior escrevesse e levasse aos palcos uma peça que foi escrita há 20 anos, “Maloja Sanke”. Após a morte de Melchior, o escritor é homenageado, é quando Maria Enders viaja até o local e se isola com sua assistente, a fim de se preparar para uma segunda versão que irá ser lançada em breve.
O roteiro cria uma sucessão de encontros com o passado e com o presente quando a personagem de Juliette Binoche se vê interpretando dois papeis: um que interpretou há 20 anos, uma jovem de 18 anos e outra é de uma mulher madura no qual se recusa interpretar. Mas esta não é a única preocupação dela. Ela se preocupa em saber quem atuará ao seu lado em uma personagem que foi sua. Ao aceitar o papel, ela se vê frente a frente com o passado e mesmo com sua maturidade, ainda enfrentando esta situação como um novo desafio.
Não é por ser a protagonista, mas a francesa Juliette Binoche é quem leva “Acima das Nuvens” nas costas. Como de costume, em todos os filmes que trabalhou, Kristen Stewart aparece com sua expressão apagada e sem brilho (não se via uma atriz com afeições tão sem vida desde Julia Roberts), mas mesmo assim, o longa em si, tem um resultado satisfatório. Quem vem como um tornado é a bonitinha Chloë Grace Moretz, que junto a Juliette, ganha destaque merecido na pele de uma atriz adolescente no qual os tablóides só vêem seu lado negativo.
O diretor Olivier Assayas começou sua carreira como roteirista em 1985, com um longa no qual Binoche foi protagonista, “Rendez-vous”. O segundo em que os dois trabalharam juntos foi “Horas de Verão” e foi partindo de uma ideia da atriz que Assayas resolveu escrever o filme, tornando esta a terceira vez em que os dois trabalham numa mesma produção. É da união de gerações na vida real e na trama onde ele explora todas as experiências do trio central, realizando um bela obra, que é contemplativa e tem um aspecto ressaltado por sua beleza e momentos antológicos.
Trailer do filme: