Em pleno século XXI, o adultério continua sendo um tema bem polêmico e que gera muitas discussões. Desta forma, aquela história de “felizes para sempre” não se aplica a todos os filmes, principalmente às ficções. No terreno do suspense ou das histórias de amor, este tema sempre acompanhou a ficção, seja na literatura à sétima arte.
Mas por que abordar um tema tão complexo? Será que os roteiristas e diretores não têm assunto melhor para destacar em um longa de mais de 2h de duração? Podemos dizer que o papel do cinema não é incentivar o adultério, mas, sim, tratá-lo de forma preventiva e alertar para as mazelas que ele pode gerar em um relacionamento.
Crédito: DivulgaçãoKeira Knightley interpretando Anna Karenina no filme de 2013
Em alguns casos, mulheres ou homens traídos se tornaram heróis, como é o caso de Anna Karenina, que por tantas vezes foi levada ao cinema. O longa, lançado em 2013, dirigido por Joe Wright conta a história de uma mulher casada com o rico funcionário do governo Alexei Karenin. Quando ela viaja para consolar a cunhada, que vive uma crise no casamento devido à infidelidade do marido, conhece o conde Vronsky, que passa a cortejá-la. O longa retrata comumente os temas como hipocrisia, inveja, fidelidade, família, casamento, sociedade, desejo carnal, paixão, além do contraste da vida no campo e a vida na cidade.
O mais interessante é que diversos sentimentos podem ser motivados a medida que assistimos a um filme. Amor, ódio, vergonha, repulsa, discórdia, tornam-se ingredientes importantes na construção entre a realidade e a ficção. Sendo assim, o cinema assumiu, recentemente, uma posição importante não só no ramo do entretenimento, mas também na dimensão social dos assuntos que são discutidos, porém durante a produção seus responsáveis não têm a mínima ideia de como ele vai ser recebido pelo público.
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Glenn Close é a perigosa Alex Forrest em ‘Atração Fatal’, de 1988
Lançado na década de 1980, ‘Atração Fatal’, dirigido por Adrian Lyne, toca em diversos assuntos como relação extra-conjugal e família, mas tem um assunto que seus produtores jamais poderiam imaginar que iria chamar tanta atenção, o feminismo. Satisfatoriamente, Glenn Close transforma sua Alex Forrest em uma mulher forte, sem ser vilã. Comentado tanto por sociólogos quanto por psicanalistas, o filme surge como um belo exemplo de prática social, espaço aberto para trazer à tona tabus engessados por uma sociedade ainda pouco evoluída quando o assunto é a categoria “Mulher”.
O filme traz à tona a realidade da mulher americana independente profissionalmente e solteira em uma época em que as mulheres lutavam de forma fervorosa pelos seus direitos em todas as áreas. Entretanto, retratar esse tipo de mulher como uma pessoa desequilibrada e psicótica, não agradou nada as feministas de plantão, que iniciaram uma discussão sobre o assunto em nível nacional, transformando-o em um mero filme sobre infidelidade.
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Mia Wasikowska é Emma Bovary no longa lançado em 2015
‘Madame Bovary’, lançado em 2015 e dirigido por Sophie Barthes, foi considerado um escândalo na época em que o livro foi lançado. Há o adultério de Emma, a personagem principal, que foi considerado um ultraje para a época e uma critica à igreja e à burguesia. Emma é uma mulher diferente do seu tempo. Sua figura esbelta e sua educação não deixam dúvida de que é mais intelecto do que corpo. Ela busca o poder por meio de seus amantes. Ela quer uma vida rica, com objetos de luxo,e quer a qualquer preço.
Diferente das mulheres da época, Emma usava da estupidez para se relacionar com os homens. Ela queria ir onde não podia e acabava deixando com que o vilarejo desconfiasse de suas traições. Vale destacar que a atitude de Emma é justamente o que mais se vê na maioria das pessoas que se decepcionaram em algum tipo de relacionamento: Seu coração ficou vazio, e então recomeçava a mesma sequência de dias. De tudo, seu comportamento contribuiu para estudos da psiquiatria, que, hoje, designa comportamentos como o da personagem como Bovarismo.
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Woody Allen surpreende na temática do longa ‘Match Point’, de 2005
O longa ‘Match Point’, lançado em 2005, também é fortemente influenciado por Dostoyevski, do romance Crime e Castigo, e faz referência diversas vezes a trechos do livro no filme. O ponto central do roteiro desse longa é a sede por status, dentro de uma visão machista e oportunista do protagonista, Chris, cujas atitudes e modo de pensar demonstra uma frieza imensa ao cometer um crime de assassinato para manter sua condição social.
Chris é motivado pelo glamour e trai sua noiva, Chloe, com Nola, ex namorada de seu amigo Tom. Há entre os dois uma cumplicidade muito grande, fora a identificação social, que vai além do normal. Sendo assim, a infidelidade está explícita no drama dirigido por Woody Allen.
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Cena do filme ‘De Olhos Bem Fechados’, de 2002, dirigido por Stanley Kubrick