“América Armada” mostra a resistência apesar da ausência do estado em 3 países vítimas da violência do Narcotráfico.
Conviver com a violência do tráfico de drogas é uma triste realidade em diversos países da américa do sul. No México e na Colômbia cartéis de drogas agem à margem do estado invadindo territórios e sequestrando pessoas. No Brasil, a situação não é muito diferente.
Com a política fracassada de polícia pacificadora nas favelas do Rio, o confronto entre policiais e traficantes segue fazendo vítimas diárias de uma guerra sem fim.
Mergulhando nesse universo o documentário “América Armada” mostra três histórias de resistência onde o afeto, a conscientização e a informação são as armas da sociedade nessa batalha.
O filme gira em torno de três personagens: Teresita Gaviria, militante do grupo “Madres de la Candelaria” onde tenta confortar outras mães que assim como ela perderam seus filhos por causa da violência armada dos cartéis de drogas. No México, o jornalista Heriberto Paredes arrisca a vida para mostrar a luta de indígenas que tentam se defender de invasões de membros de cartéis de narcotraficantes. No Brasil, Raul Santiago é um jovem que cresceu no Complexo do Alemão e, armado de seu celular, reproduz nas redes sociais os abusos cometidos pela polícia militar na favela.
Além da violência essas três histórias de vida exemplificam a ausência do estado na sociedade seja coibindo a expansão dos domínios de narcotraficantes ou amparando as vítimas da violência.
Na situação mostrada por Heriberto no México, vemos indígenas tendo que se organizar em milícias armadas para defender suas famílias e territórios num exemplo claro que o governo do país não olha para aquelas pessoas. No dia a dia de Raul não é diferente, as favelas crescem sob a inércia do estado que se faz presente nas comunidades através da polícia militar que expulsa moradores e invadem e destroem casas durante operações num modus operandi bem diferente daquele visto em outras regiões da cidade. Já Teresita tentando promover o encontro entre mães e os assassino de seus filhos busca através do perdão um conforto que jamais será completo para aquelas pessoas.
A direção de Alice Lanari e Pedro Asbeg mostra um cuidado impressionante pra buscar esses depoimentos que foram feitos entre 2014 e 2015 e ajuda a gente refletir essas situações num contexto atual onde há pandemia e aumento de flexibilização do acesso a armas de fogo no Brasil o que pode intensificar ainda mais as relações de violência.
A esperança de que mais personagens como o trio que protagoniza o longa surjam e sigam lutando e sendo voz contra a ausência da presença do estado no combate ao crime organizado nesses países. Até por que como imortalizou o músico e ativista Marcelo Yuca em sua obra “Paz sem voz, não é paz é medo.”
América Armada chega nos serviços de streaming (NOW, Vivo Play, Oi Play) em 11 de março e, posteriormente, na Globo News em 25 de abril.