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“Amityville: o Despertar” poderia ter sido um filme totalmente diferente, mas sofreu várias alterações desde que foi idealizado. Originalmente, estava previsto para ser lançado em janeiro de 2012 (!), mas foi adiado, adiado, até chegar aos nossos cinemas esta semana. A classificação indicativa, o título e toda a história também foram modificadas ao longo da produção, ocasionando problemas gravíssimos.
A ideia original era ser “Amityville: The Lost Tapes” (As Fitas Perdidas, em uma tradução livre). Ela ia contar a história de uma jornalista ambiciosa que, para provar a existência de eventos sobrenaturais na casa, se mudou com um padre e uma equipe de pesquisadores paranormais para registrar os males existentes no local, até descobrir que (obviamente) isso não foi uma grande ideia. Após reformularem toda a história, foi decidido que filme teria cenas violentas, recebendo a classificação “R” (para maiores), porém, foi todo reeditado posteriormente, para que pudesse passar como classificação livre.
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Engraçado que só fiquei sabendo desses fatos após ter assistido ao filme, e eles ajudaram a esclarecer exatamente o que eu tinha sentido: uma obra confusa, artificial e extremamente equivocada. Escrito e dirigido por Franck Khalfoun (conhecido por filmes como “P2 – Sem Saída” e “Maníaco”), a versão que chega aos cinemas conta a história de uma mãe (Jennifer Jason Leigh) que aceitou morar em Amityville mesmo conhecendo o histórico macabro da casa.
O motivo foi viver em um local “mais barato” para conseguir custear o caríssimo tratamento que mantém seu filho James (Cameron Monaghan) vivo por aparelhos, já que este está em coma. Assim, ela se muda com suas duas outras filhas, a pequena Juliet (Mckenna Grace) e a adolescente Belle (Bella Thorne), mas não conta para elas o que aconteceu no local. Para quem não sabe, nos anos 70 um homem assassinou toda a sua família na casa, alegando estar recebendo ordens de uma voz maligna.
Só nessa sinopse, já há uma série de decisões contestáveis: se seu filho está entre a vida e a morte, por que se mudar para uma casa isolada de qualquer hospital (Amityville fica em um vilarejo)? Por que uma casa tão grande para apenas três pessoas? A decisão de Joan (a mãe) de não contar para a filha sobre a casa também não faz sentido, pois no primeiro dia na escola, a primeira coisa que contam a Belle é justamente o “segredinho” do lugar.
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Amityville é um dos maiores símbolos do terror sobrenatural no cinema. Desde a versão original em 1979, em uma rápida pesquisa eu descobri 17 filmes sobre a casa, incluindo o remake de 2005 “Horror em Amityville”, estrelado por Ryan Reynolds. Já seria improvável o fato de Belle, uma jovem desse século, nunca ter ouvido falar da casa, mas isso piora quando seu novo amigo Terrence (Thomas Mann) mostra o DVD do filme original e diz: “vamos assistir na sua casa?”. Ela concorda de imediato, ignorando a maldição como se fosse um mero detalhe. As reações dos personagens nesse filme parecem com qualquer coisa, menos a de seres humanos.
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Claramente, o filme foi prejudicado pelos cortes posteriores, atrapalhando a fluidez da trama. As cenas parecem apressadas e deslocadas, personagens de apoio aparecem e desaparecem sem justificativa e uma coisa muito irritante acontece exageradamente: sequências de sonhos. Belle começa a sofrer pesadelos no clichê do mesmo horário todas as noites, e isso acaba virando uma justificativa para o filme apelar para várias aparições e jumpscares. Só que, ao contrário de filmes como “Annabelle 2” – que usa o mesmo recurso – por exemplo, as cenas sequer são bem dirigidas e o suspense é pessimamente construído.
Fica a sensação de que uma versão melhor se perdeu em algum momento. A relação com os amigos da escola é divertida e talvez essa metalinguagem de brincar com a própria mitologia da casa e as versões cinematográficas já feitas pudesse trazer algo de novo para a franquia, de semelhante maneira ao que “Pânico (1996)” fez para o gênero slasher. Mas tudo isso é apenas sugerido e brevemente descartado.
Ao invés disto, o filme inteiro gira em torno do drama familiar, se James tem condições de melhorar ou se isso não passa de uma obsessão de sua mãe, que reluta em deixar o filho partir. Há um segredo que envolve o acidente sofrido por James, que causa vários conflitos entre Belle e sua mãe, mas nada parece ter real significância porque não há envolvimento com os personagens, muito mal escritos, com diálogos precários e risíveis.
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Sendo assim, “Amityville: o Despertar” soa mais como uma desculpa para se aproveitar do mito em cima da famosa casa para contar uma história repetitiva e sem graça. Eu não gosto de usar o termo “caça-níquel”, mas diante de um trabalho desta baixa qualidade, não consigo pensar em outra coisa, senão seduzir o público jovem frequentador de cinema, que busca ver um filme “assustador” com os amigos.
Com soluções preguiçosas, CGI bastante irregular – que acaba gerando momentos de risada involuntária, como o ataque das moscas – e atuações fraquíssimas (na qual a garotinha Mckenna Grace dá um show nos mais experientes), “Amityville” lembra muito os filmes trash dos anos 80 e 90, mas nunca “abraça” essa condição, tentando se levar a sério e errando feio em todos os sentidos. Um filme completamente esquecível.
E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!
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