Um mundo pós-apocalíptico serve de cenário para diversas histórias, algumas mais marcantes que outras, e por ser tão comum pode ser muito difícil fugir dos clichês, mas clichês não são sinônimos de ruim, basta saber empregá-los da maneira correta, como é o caso de Amor e Monstros.
A premissa pode até não chamar atenção à primeira vista, um garoto num mundo pós-apolítico resolve percorrer 135km, sozinho, para reencontrar sua ex-namorada, mas a nova comédia da Netflix é uma bela surpresa.
Há sete anos descobriram um meteoro vindo em direção à Terra e a solução encontrada pela humanidade foi atacar o meteoro com todos os mísseis possível, mas o plano não poderia ter dado mais errado. Em vez de só destruir o meteoro, toda a química lançada pelos homens no espaço volta para a Terra com os pedaços do meteoro e transformam os insetos, répteis e anfíbios em super monstros gigantes e, consequentemente, uma ameaça para a população, que é reduzida a 5% do que era antes.
Sem os pais, Joel, interpretado por Dylan O’Brien, buscou abrigo em uma das poucas colônias subterrâneas para sobreviventes, mas nunca se sentiu em casa com o novo grupo, principalmente quando todos formam casais e Joel se vê solitário. Sozinho e deslocado, o jovem ainda tem problemas em enfrentar seus medos e se sente inútil para sua colônia, já que nunca tem coragem suficiente para enfrentar os monstros ou ir até a superfície. A única coisa que mantém a sanidade de Joel é desenhar os monstros que já viu e escrever cartas para Aimee (Jessica Henwick), sua namorada da época de antes do fim do mundo e que ele descobre que está viva, mas numa colônia a 135km de distância da sua.
Ainda perdidamente apaixonado, Joel decide embarcar sozinho na missão suicida de cruzar esses quilômetros na superfície para encontrar sua amada ex-namorada e nessa jornada que Joel encontra um novo sentido para sua vida.
Amor e Monstro recebeu uma indicação ao Oscar por conta dos seus efeitos visuais e não foi à toa, os monstros, que são insetos e outros animais em versões gigantes, são super realistas e ajudam a criar a tensão e aventura do caminho de Joel, mas esses monstros “reais” são metáforas para os monstros internos que o jovem tenta derrotar.
Dylan O’Brien está perfeito no papel de Joel, que começa como um jovem medroso e sem grandes ambições e vai crescendo ao longo do filme. No caminho, encontra um dos personagens mais carismáticos da história: o cachorro Garoto, que também estava sozinho depois de perder sua dona. Garoto é um show à parte, ele se torna o fiel escudeiro de Joel e é está presente tanto em cenas de alívio cômico quanto de momentos mais emotivos.
Já a companhia humana fica por parte de Clyde (Michael Rooker) e Minnow (Ariana Greenblatt), uma dupla improvável que ensina a Joel tudo que ele precisa saber para sobreviver e o colocam no caminho certo para encontrar sua tão amada Aimee.
Amor e Monstro é uma história que vai muito além de amor e monstros, é uma comédia com humor no ponto certo e que nos ensina, através de Joel e do cenário pós-apocalíptico, lições importantes sobre família, pertencimento e, principalmente, sair de sua zona de conforto.
O roteiro de Brian Duffield and Matthew Robinson traz cenas dinâmicas e conseguem um equilíbrio perfeito entre aventura e comédia, se aproveitando ao máximo do carisma de Dylan O’Brien sem perder o foco do real tema da trama.
Amor e Monstros chega à Netflix em 14 de abril.