“Você deve estar perguntando: “isso é algum tipo de comercial de creme hidratante? ” Mas, para falar a verdade, eu acho que tenho uma vida bem normal para uma adolescente”. É com estas palavras que Cher, a garota mais bonita, rica e popular de sua escola começa a narrar sobre sua vida, ao som de “Kids in America” da extinta banda The Muffs. A vida fútil de uma garota que só pensa em fazer compras poderia ser apenas mais um filme para adolescentes se não tivesse a escolha certa para sua protagonista. A diretora Amy Heckerling quando escreveu o roteiro, queria que ”a garota dos clipes do Aerosmith” protagonizasse seu filme. Encantada com Alicia Silverstone, Amy dispensou Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Sarah Michelle Gellar e Reese Whinterspoon nas audições. Na verdade, Alicia nem precisou fazer o teste.
Conhecida por comédias como “Férias Frustradas na Europa” e o fofo “Olha Quem Está Falando”, Amy teve com base de inspiração o livro ‘Emma’ de Jane Austen e batizou de ‘Clueless’ (traduzindo ao pé da letra: “Sem Noção”) que faz uma menção ao vazio que existiu na vida dos adolescentes de uma época que não se importavam com o que acontecia ao seu redor e não ficavam antenados chegando a ser chamados de “sem noção”.
A história se passa em Beverly Hills, bairro classe A da cidade de Califórnia. Lá, conheceremos Cherlyn Horowitz popularmente conhecida como “Cher”. Ela tem uma vida cheia de regalias, porém, sob o zelo do autoritário pai. Como toda moça de sua idade, tem uma amiga e com ela, consegue se identificar por serem ricas, invejadas e populares. Mas, a rotina de Cher muda quando recebe uma nota baixa por um debate, recebe a visita de Josh, filho da ex mulher de seu pai e com a chegada de Tai, garota atrapalhada que Cher transforma numa Patricinha igual a ela (apenas para reforçar sua popularidade).
E falando em popularidade, quando se fala em “As Patricinhas de Beverly Hills”, vem logo na cabeça de muita gente: ”ah, é o filme que passa sempre na Sessão da Tarde”, ”ah, é aquele filme pra garotas”, ”ah, é o filme daquela loira bem bonita” e por aí vai. Seja qual for a forma como o ele é lembrado, estes ”adjetivos” fizeram dele um filme literalmente popular e considerado por muitos, um dos melhores filmes de 1995. Popular é pouco para este divertido filme que é cheio de boas referências musicais da época, tais como ”My Iron Lung” e “Fake Plastics Tree” dos britânicos do Radiohead, “Change” de The Lighting Seeds, “Supermodel” de Jill Sobule, “Just a Girl” do No Doubt dentre outros.
“As Patricinhas de Beverly Hills… Distribuição: Network. Versão Brasileira: VTI – Rio”. Se você ouvir isto nos créditos iniciais do filme, você estará assistindo a versão que muitos fãs tanto amam: a versão dublada para a TV, na voz de Adriana Torres dublando Silverstone (ela é dubladora oficial de Christina Ricci, Claire Danes, Reese Whiterspoon e Monica Bellucci). A Network foi um estúdio de dublagem que fechou as portas há três anos atrás devido a sua falência e foi responsável por diversas dublagens para a TV quando diretores de programação televisiva não achavam que certos filmes deveriam ser redublados por que achavam que a sintonia entre o ator e o dublador não funcionavam de forma como esperavam. As versões de VHS, DVD e Blu-Ray do filme (pelo estúdio BKS), são diferentes da exibida na TV tirando totalmente o encanto da que estamos acostumados a ver.
Vinte anos se passaram e “As Patricinhas de Beverly Hills” ainda é apreciado pelo público nos dias de hoje e também inspirou outros filmes do gênero. Isso deve-se a compreensão do próprio público que não critica os acessórios utilizados no filme, tais como celular, ou até mesmo a internet não tão popularizada. Porém, no enredo existia tecnologias que não existem nos dias de hoje, como por exemplo, o provador digital que vemos Cher usando em seu computador. O filme consegue ser tão apreciado pelos jovens de hoje, tanto quanto é adorado por marcar a adolescência de muitos e acredite, consegue ser tão bom quanto nostálgico.
