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“Baywatch” foi uma série de TV bastante popular nos anos 90, conhecida por aqui como “S.O.S Malibu”. A trama era bastante simples: um grupo de salva-vidas atraentes que vivia várias aventuras enquanto deixava a famosa praia segura para os banhistas. Ela também serviu para popularizar dois grandes ícones da época: David Hasselhoff e Pamela Anderson. O enorme sucesso da série sempre foi motivo de curiosidade entre críticos e pesquisadores, pois certamente um roteiro bem elaborado ou grandes atuações não eram os maiores atrativos do programa.

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Mais de 15 anos após o encerramento da série, a Paramount decide fazer uma adaptação para o cinema, tendo o astro The Rock como Mitch Buchannon, o tenente e líder dos salva-vidas. Dirigida pelo experiente com comédias Seth Gordon (de “Quero Matar Meu Chefe” e “Uma Ladra Sem Limites”), o filme conta também com outros rostos conhecidos, como Zac Efron, Alessandra Daddario e a estrela indiana Priyanka Chopra.

Até pelo material-base para o filme não ser tão rico, “Baywatch” também tem uma trama extremamente simples, mas curiosamente nem por isso deixa de ser confusa e completamente inverossímil. No filme, todos os anos há uma seletiva onde apenas um candidato entrará para a prestigiada e capacitada equipe de salva-vidas. Entretanto, justamente neste ano Mitch e sua equipe acabam escolhendo três novos candidatos (completa o elenco Jon Bass, como Ronnie) mesmo estes demonstrando completo despreparo para integrar o time.

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Pois é, acredito que ninguém esperava uma obra-prima em “Baywatch”, portanto, posso afirmar que ele ao menos é um filme sincero na sua proposta, sem grandes pretensões. O que não quer dizer que seja bom. O filme tem um tom de auto-sátira que repete várias piadas – muitas vezes apelando para o humor de baixo calão – “tirando sarro de si mesmo” por não se levar a sério. No entanto, até onde um filme pode se auto-satirizar sem utilizar essa estratégia como muleta para um fiapo de roteiro que não sabe de onde veio e nem para onde quer ir?

Acredito que há filmes que saibam fazer isso muito melhor do que outros. Tomando como exemplo a franquia “Anjos da Lei”. Basicamente, é um filme que satiriza os buddy cops do gênero ação/comédia e também repete muitas piadas apelando para o humor “bobo”. Entretanto, há outros atrativos que complementam essa característica dando um ar fresco, de novidade ao filme. Com realização repleta de montagens frenéticas e momentos psicodélicos e até a utilização de elementos da comédia como a regra de três (onde em uma única cena o filme repete a piada (gag) três vezes, quebrando a expectativa da audiência). Infelizmente, os realizadores de “Baywatch” não têm o tato cômico da dupla Lord/Miller (de “Anjos da Lei”) ou um Edgar Wright, por exemplo, tornando o filme apenas bobo e enjoativo.

Em meio a um humor escatológico, que apela para piadas de pênis como há mais de 15 anos boas comédias não fazem mais; uma investigação dos salva-vidas referente a um caso de tráfico de drogas que é tão extravagante e rasa que faz os desenhos do Scooby-Doo parecerem obras-primas; ou uma vilã extremamente caricata e inverossímil, o filme se afunda em um mar de clichês que nem o carisma de The Rock – normalmente um protagonista muito agradável de se acompanhar – consegue salvar. Mesmo Zac Efron, que parece ter encontrado seu nicho de atuação nas comédias adultas, é um desperdício porque o longa não desenvolve seus personagens.

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Matt Brody (Efron) é obviamente uma sátira ao campeão olímpico Ryan Lochte (lembram dele?), que causou nos Jogos do Rio até conseguir ser preso na noite pela polícia carioca. O nadador – como foi chamado pelos noticiários na época – ficou conhecido como o “americano feio”, ou seja, aquele que acha que está no topo do mundo e não se preocupa com os outros. No entanto, em “Baywatch” Brody é apenas um cara que vai errar bastante, pedir muitas desculpas, mas pela própria falta de plausibilidade da trama, seus atos e sua curva de aprendizado não têm impacto algum no espectador, nenhum envolvimento emocional. Enquanto isso, Mitch (The Rock) é um mito, o cara amado por tudo e por todos – uma das vítimas chega a oferecer sexo para ele no meio do resgate. Apenas isso.

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Sobre a direção de Seth Gordon, pesa a favor dele ter certo timing cômico, que acaba arrancando uma ou outra risada. Ou até várias, dependendo do seu gosto para humor. Mas, o excesso de câmera lenta usada de forma extremamente gratuita (sei que se tornou clichê criticar esse artifício, mas aqui é gritante) e o uso de efeitos visuais completamente primários, ainda mais para um filme de 69 milhões de dólares – como um fogo no oceano que parece efeito da câmera do Windows – não têm defesa.

Concluindo, “Baywatch” nada mais é do que um passatempo extremamente raso, que não se propõe a discutir absolutamente nada. Como costumo dizer, só não é um desperdício completo porque ao menos tenta fazer o espectador rir, mesmo que seja de vergonha alheia. No final das contas, acaba sendo apenas uma desculpa para revitalizar uma série que foi extremamente popular um dia, mostrar pessoas em biquínis correndo para lá e para cá e, é claro, contar com a aparição dos astros Hasselhoff e Pamela Anderson. Vale a pena pensar mais de uma vez antes de comprar o ingresso.

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