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Benzinho conta a história de uma família de classe média baixa formada pela mãe Irene (Karine Teles), o pai Klaus (Otavio Müller) e seus quatro filhos, o longa acompanha as dificuldades diárias da família, Irene além de cuidar da casa e dos filhos também acolhe sua irmã Sonia (Adriana Esteves) com seu filho, que devido as agressões do seu marido Alan (César Trancoso) é obrigada a sair de casa e pedir refúgio na casa da irmã, mas é quando o filho mais velho de Irene, Fernando (Konstantinos Sarris) é chamado para jogar handebol na Alemanha que ela entra em uma espiral de desespero em ver seu filho partir tão cedo.
O filme que teve estreia no festival de Sundance tem Gustavo Pizzi e Karine Teles no roteiro, parceria que se repete após Riscado, filme de 2010, o primeiro dos dois e a parceria se estende para a vida, eles eram casados quando a ideia do filme surgiu, Karine conta que eles queriam mostrar o ponto de vista dos pais quando os filhos saem de casa. “Eu e Gustavo quando a gente começou a escrever o filme, nós éramos casados e os pequenos do filme são nossos filhos,…, e a gente uma hora se tocou que se eles saíssem tão cedo de casa quanto a gente saiu, a gente teria mais 15 anos com eles em casa no máximo, a gente começou a pensar como seria isso pra gente e como teria sido isso para os nossos pais”, afirma a atriz
Durante o filme nos colocamos no lugar dessa mãe que tem todas as responsabilidades da família enquanto seu marido se preocupa com projetos para ganhar dinheiro que antes mesmo de começar parecem que não vão a lugar algum, apesar de ser um pai e marido carinhoso ele se mantem à parte das obrigações dentro de casa e de toda a carga emocional.
As cenas que se passam dentro da casa da família, apertada, cheia de reparos a serem feitos, mas com pouco dinheiro para realiza-los e a presença de muitos membros da família no mesmo plano contribuem para a formação da sensação de desespero de Irene que vai aumentando no decorrer do filme e também são elementos que fazem com que o ambiente familiar criado seja muito real.
Karine Teles interpreta Irene de forma tão verdadeira que é difícil diferencia-las, ela transita entre os sentimentos dessa mãe e emociona apenas com um olhar, e talvez essa intimidade com a personagem seja resultado da participação da atriz como co-roteirista do longa, ela acompanhou a personagem desde o início. “Tem muito da minha própria experiencia como mãe, como mulher, da minha observação do mundo como atriz, essa grande alteração de emoções que as mães vivem num dia só, você tem momentos de extrema alegria e momentos de desespero profundo que você acha que não vai conseguir”, conta a atriz.
O elenco de apoio que conta com Otavio Müller e Adriana Esteves, se mantém a altura da interpretação de Karine, Konstantinos Sarris como o filho mais velho, e Luan Teles, sobrinho de Karine, como filho do meio, também contribuem para a construção de uma família autentica e o fato dos caçulas serem filhos de Karine também ajuda.
A subtrama da irmã que sofre abusos físicos e emocionais do marido que volta para pedir desculpas colocando a culpa no vício, diz que vai se tratar e promete amor eterno, não é muito bem explorada e acaba não acrescentando muito a história, pelo contrário, é responsável por quebrar o ritmo do longa em alguns momentos, apesar da excelente atuação de Adriana Esteves como Sonia.
Em suma, Benzinho é um filme que passa verdade em todos os momentos e emociona, mérito do seu elenco envolvente e vai fazer muita gente enxergar sua própria família dentro do longa.
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