2015 já começou com grandes premiações como Globo de Ouro, Oscar, BATFA entre outros, e com filmes excelentes como “Birdman“, “A Teoria de Tudo” e “O Jogo da Imitação“. Estreando e rendendo elogios, a expectativa em cima de “Cinquenta Tons de Cinza” é por uma produção adaptada de um livro onde o foco é o sexo sem pudor. Óbvio que um assunto que a muitos interessam, iria ser rentável aos cofres de uma editora: bastava elaborar uma história onde contém personagens de vidas opostas que serviria como plano de fundo para descrever as mais picantes e profanas fantasias sexuais. Funcionou bem quando foi publicado o primeiro volume de uma trilogia pseudo pornográfica ’50 Tons de Cinza’ de E. L. James, que vendeu cerca de 100 milhões de cópias no mundo todo. Até mesmo quem nunca leu se quer uma página, sabe do que se trata por conta sua inexplicável repercussão.
A trama, fraca e superficial, conta a história de Christian Grey, um milionário sádico e sadomasoquista que consegue seduzir Anastasia Steele, uma virgem estudante de literatura. Frígida, meiga e de ar rarefeito, a mocinha vira uma espécie de boneca inflável humana e como se fizesse uma apologia de ‘quem tem dinheiro é quem fala mais alto’, Grey pinta e borda com a intacta garota. Com esse feito, predomina-se uma submissão como se a protagonista sofresse de um ato machista quando seu “amo e senhor” faz exigências. O magnata afirma não ser do tipo que manda flores e chocolates (ou seja, ele não é romântico), mas nas preliminares decide fazer o tipo amoroso.
Para quem esperava cenas excitantes e de sexo explícito, esqueça! Por se tratar de uma produção hollywoodiana, teria que seguir os padrões de “cenas comportadas” e apesar da classificação, não consegue atingir as expectativas dos fãs da obra ou mesmo para quem ouviu falar e tem a curiosidade de conferi-lo. Nu frontal é algo imprescindível em filmes que seguem a linha do erotismo. Para não ficar aparentando um “filme pornô”, com história a diretora britânica Sam Taylor Johnson (que já havia feito outra mancada quando resolveu aceitar dirigir “O Garoto de Liverpool”) resolveu não deixar que o impulso natural genésico fosse foco e tem o mérito de fugir da mesmice. A duração da cena picante é em torno de 20 minutos, mas depois fica arrastada e chata. Ou seja, nem os tórridos beijos e sussurros conseguem salvar esta medonha adaptação. Apesar de morno e dos clichês, uma coisa não se pode negar, que é a sequência da tão esperada “primeira vez” do casal, que enfatiza a sensualidade dos atores.
Do ponto de vista ético, é duvidoso e previsível, cujo único atrativo é de ter saído de um best seller, despertando a curiosidade do leitor quando este descobre que o livro que leu vai parar nas telonas. O que era pra ser empolgante aos olhos da platéia, se transformou num longa sem fôlego, sem pique e que não tem se quer um pingo de emoção.
O retrato pretensioso que é, na verdade, o universo do casalzinho aguado, não é nada mais do que desejos carnais, uma tentativa frustrada de conseguir realizar nem que seja um simples entretenimento. Nem mesmo os Blockbusters conseguem superar as expectativas.
Apesar dos esforços, tanto Jamie Dornan quanto Dakota Johnson não escondem a empatia pela falta de química que há entre eles. Apelar para o erotismo e querer lucrar na intenção de querer obter um bom efeito não funcionou desta vez nem mesmo para o autor que viu a primeira parte de sua trilogia deixando muito a desejar e diluindo a essência da série. Se as outras duas sequências que estão por vir forem igual a esta, é melhor deixar que “Cinquenta Tons de Cinza” seja a primeira, única e última.
Trailer do filme: