Lançado em 2015, o primeiro filme da franquia de livros – que virou fenômeno mundial de vendas – ‘Cinquenta Tons de Cinza’, agradou muito nas bilheterias (custou em torno de $40 milhões e arrecadou $571 milhões ao redor do mundo), mas foi massacrado pela crítica por contar uma história previsível, um conto de fadas com elementos picantes extremamente implausível e confuso (o fato de ter surgido de uma fonte literária de qualidade narrativa bem duvidosa também não ajudou).

Entretanto, devido ao sucesso de público duas sequências foram anunciadas. A primeira delas estreia essa semana nos cinemas nacionais, intitulada de ‘Cinquenta Tons Mais Escuros’. Com relação ao primeiro filme, houve mudanças tanto na direção como no roteiro do projeto. Saíram a diretora Sam Taylor-Johnson e a roteirista Kelly Marcel para as chegadas de James Foley (de ‘O Sucesso a Qualquer Preço’) e Niall Leonard (de séries de época e filmes para a TV).

Para situar quem não assistiu ou não se lembra de ‘Cinquenta Tons de Cinza’, o filme termina com Anastasia (Dakota Johnson) e Christian (Jamie Dornan) em tom de despedida após alguns desentendimentos ao longo do relacionamento. ‘Cinquenta Tons Mais Escuros’ tem início após um tempo em que o casal ficou separado. Antes uma insegura estudante, Ana permanece insegura, mas tem um emprego. Já Christian continua gastando seus infinitos dólares, mas sentindo muita falta da amada (algo inédito para o sedutor, que costuma colecionar mulheres descartadas).

Sendo assim, a estrutura de eventos segue a mesma do filme anterior, muitas brigas e reconciliações do casal, além dos altos e baixos do relacionamento, pois cada vez que Ana se aproxima da intimidade traumática de Christian, acaba ocorrendo um desentendimento que os afasta novamente. Entretanto, ‘Cinquenta Tons Mais Escuros’ demonstra um avanço com relação ao filme anterior em termos de atrativo para a história. Talvez soe contraditório, mas há algumas subtramas que embora muito mal desenvolvidas, pelo menos expandem o universo do filme para além da maçante relação entre o casal – ajudou também o fato de ambos os protagonistas demonstrarem mais segurança nos papéis, um dos maiores problemas do primeiro filme.

Uma dessas subtramas é a adição de Eric Johnson como Jack Hyde (sim, esse nome não é coincidência…), chefe da editora de livros onde Ana está trabalhando. Sua participação é realmente interessante e rende os melhores momentos no início do filme. Tanto fisicamente quanto em termos de postura, fica óbvio que o personagem (com muitos méritos do ator) consegue rivalizar de igual para igual com o poderoso Christian Grey. Pena que o filme de maneira muito covarde, desperdiça esse potencial de conflito (um triângulo amoroso ou um duelo de egos) em troca de um momento posterior completamente descartável para a trama. Sem dar nenhum tipo de spoiler, as outras subtramas (que envolvem as atrizes Bella Heathcote e Kim Basinger) têm a ver com o passado conturbado de Christian.

‘Cinquenta Tons Mais Escuros’ se beneficia da direção do experiente James Foley em conjunto com a fotografia de John Schwartzman (indicado ao Oscar por ‘Seabiscuit: Alma de Herói’), que mesmo perdendo um pouco da elegância do primeiro filme, consegue tornar as cenas eróticas visualmente mais interessantes. Um exemplo disso é a primeira cena de sexo do casal no filme, onde a baixa iluminação e o uso de sombras ‘esconde’ o ato do espectador, mas aguça a imaginação dando um efeito bem mais eficiente. Infelizmente, as seguintes cenas de sexo não são trabalhadas com tanto esmero e inventividade, e ainda por cima são prejudicadas pelos bruscos cortes da edição.

OPINIÃO FINAL: Muita gente diz ‘não entender’ como uma franquia como ‘Cinquenta Tons’ tem tantos fãs. Mas, a verdade é que há fãs para tudo dentro do cinema, filmes de ação inverossímeis, comédias besteirol, terrores trash e (por que não?) o famigerado melodrama erótico, que é onde eu encaixaria este filme. O grande problema de ‘Cinquenta Tons Mais Escuros’ é que ele se leva sério demais. Poderia ficar no dilema de um homem que tinha um estilo de vida destrutivo e após se apaixonar por uma garota improvável encontra sua redenção, mas ao tentar atribuir significado se aprofundando em um trauma psicológico muito mal elaborado, a história fica completamente redundante e falsa, tornando uma história de romance numa comédia acidental.

As cenas do batom, do helicóptero, da submissão a um antigo caso de Christian e o clímax final são absurdamente bizarras, surgindo de forma aleatória e extremamente apressadas. Os diálogos são risíveis, os personagens coadjuvantes são rasos e os protagonistas (especialmente Anastasia) soam muito confusos. Mais uma vez, o filme acerta em alguns conceitos visuais – embora, como mencionei, seja bem menos elegante que o antecessor – e a trilha sonora, apesar do ‘desperdício’ de Danny Elfman, conta com boas músicas de artistas em alta como Sia, por exemplo. A propósito, foi nesse quesito que ‘Cinquenta Tons de Cinza’ ganhou uma indicação ao Oscar – Melhor Canção Original para ‘Earned It’, de ‘The Weeknd’. Apesar de trazer algumas melhorias à franquia, ‘Cinquenta Tons Mais Escuros’ tem um roteiro extremamente precário e sem sentido, sendo recomendado apenas para fãs do antecessor ou da história original.

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!




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