Ted Lasso está, atualmente, em sua 3ª (e talvez última) temporada, três anos depois da sua estreia no streaming Apple TV+. Durante esse tempo, se manteve como a série mais assistida da plataforma ano após ano e, apesar da Apple TV+ não ser amplamente popular (não pela qualidade de seus programas, mas por sua insistência em se manter exclusiva para usuários de aparelhos da Apple), Ted Lasso conquistou muito mais do que prêmios, se tornando um fenômeno mundial e exemplo de otimismo e bondade, tudo isso com um pano de fundo bem específico: um time de futebol.
Futebol é o esporte mais popular do mundo e, nem precisaríamos falar, é o mais popular no Brasil, sem nem ao menos ter um esporte que ameace essa posição. Quando falamos de futebol e da cultura do futebol por aqui, é inevitável pensar num esporte misógino e que, muitas vezes, cria um ambiente tóxico, principalmente quando pensamos nas torcidas organizadas que às vezes funcionam apenas como fachadas para vândalos explorarem e expressarem sua raiva e violência, com a desculpa de fazer isso pelo “time do coração”. Esse cenário é comum na Inglaterra, país que também tem o futebol como esporte principal, mas que também deu origem ao hooliganismo.
Já nos EUA, a história é outra. Lá, o futebol não entra nem no Top 3 dos esportes mais amados pelo público e, por ser mais popular entre as mulheres do que entre os homens, muitas vezes acaba sendo até motivo de piada.
É impressionante que Ted Lasso tenha quebrado todos os estereótipos e fronteiras para se tornar uma série tão querida, mas o personagem de Lasso não surgiu do nada – muito pelo contrário, desde a criação do personagem até a estreia da série se passaram quase 10 anos e o personagem não foi criado especificamente para ser protagonista de uma série.
COMO SURGIU TED LASSO
Aqui no Brasil, Jason Sudeikis já era razoavelmente conhecido pelo público por conta de seus papéis em filmes de comédia, mas nos EUA ele já era um nome muito maior por ser parte do elenco do programa Saturday Night Live e, quando o canal de TV NBC começou a televisionar a Premier League de futebol nos EUA, ele foi o ator escolhido para protagonizar a campanha de marketing como uma figura americana conhecida do público e foi assim que o treinador Ted Lasso chegou à telinha.
O personagem do Ted Lasso já havia passado pelo palco, com a companhia de teatro da qual Jason Sudeikis e Brendan Hunt (o treinador Beard) faziam parte quando eles tiveram que fazer um espetáculo na Holanda, país amante do futebol, em 2001.
O personagem ficou na gaveta até 2012, quando Jason Sudeikis foi chamado pela NBC e o transformou numa esquete de humor. O comercial era um curta-metragem chamado “Um Treinador Americano em Londres”, que você pode assistir abaixo. Nele, o treinador é contratado por acidente para treinar o time Hotspurs de Tottenham e, assim como na série, ele não sabe nada sobre as regras do futebol, o que cria as situações cômicas hilárias que já estamos acostumados à essa altura.
A confusão de Ted Lasso em relação ao esporte era muito familiar aos americanos e o vídeo logo viralizou na internet. Com o sucesso do personagem, a NBC chegou a produzir outros vídeos com o treinador até 2014.
COMO TED LASSO VIROU UMA SÉRIE DE TV
Um pouco depois dos vídeos da NBC, Bill Lawrence, criador de série como Scrubs, Cougar Town e agora Falando a Real, entrou em contato com Jason Sudeikis sobre a possibilidade de transformar Ted Lasso em algo maior e lhe dar sua própria série de TV.
Sudeikis contou em entrevistas que estava apreensivo sobre pegar um personagem tão simples e colocá-lo como protagonista de um programa. Sua esposa na época, Olivia Wilde, foi um grande incentivo para levar a ideia adiante e quando Bill Lawrence falou que a Apple estaria interessada em investir na história, Jason Sudeikis entrou de vez no projeto.
Ted Lasso foi inspirado em duas pessoas importantes na vida de Jason Sudeikis, seu pai, de quem ele tirou a ideia do bigode característico, e seu treinador de basquete quando era mais novo, de quem pegou emprestado a mania de fazer diversas anedotas e trocadilhos.
Com o sinal verde da Apple, Sudeikis começou a desenvolver melhor o personagem, ele acreditava que Lasso precisava de um motivo maior para sair de sua terra natal e se mudar para a Inglaterra e foi assim que surgiu a trama do divórcio de Ted. Outra diferença em relação aos curtas, é que na série o treinador não é contratado por acidente e sim com a intenção de boicotar o AFC Richmond, time fictício criado especialmente para a série.
O SUCESSO DA SÉRIE
Além de Jason Sudeikis e Brendan Hunt, que já tinham seus personagens e estavam envolvidos com todo o processo de criação, se juntou ao elenco Brett Goldstein, um dos criadores e roteiristas da série, que acabou dando vida a Roy Kent. Várias características dos treinadores continuam as mesmas, mas a essência do personagem principal foi encontrada especificamente para a série. Ted Lasso faz sucesso por conseguir criar um humor leve e completamente positivo. Todos os personagens são especiais e diferente do que estamos acostumados a ver nas nossas telas e, enquanto a primeira temporada foi infinitamente feliz e positiva e a segunda aprofundou temas mais difíceis como saúde mental, a terceira temporada tem encontrado um equilíbrio louvável entre o profundo e o leve, a risada e a emoção.
A primeira temporada da série, lançada em 2020, rendeu diversas indicações e diversos prêmios, entre eles, 4 Emmy Awards, o principal prêmio da televisão. Em 2022, sua segunda temporada rendeu mais 4 Emmys e agora, com a 3ª temporada chegando em sua reta final (o último episódio chega na Apple TV+ em 31/05), fica a expectativa para as novas premiações.
Quanto ao futuro da série, tudo indica que está para acabar. Em março, Jason Sudeikis falou para a Deadline que a terceira temporada era o fim da história que eles queriam contar. Na mesma linha, Brett Goldstein contou para o Sunday Times que a série, desde o começo, foi escrita para ter 3 temporadas, mas a Apple não deu qualquer declaração até o momento e não seria surpresa alguma se eles optassem por renovar a série de maior audiência da plataforma.
