“Crô em Família” resgata desastrosamente personagem de novela de 2011

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Crô (Marcelo Serrado), o mordomo da novela “Fina Estampa”, exibida entre 2011 e 2012, fez grande sucesso durante a trama o que garantiu ao personagem um lugar no cinema, em 2013 seu primeiro longa, “Crô: O Filme”, foi lançado e levou 2 milhões aos cinemas, agora o personagem volta em “Crô em Família”.

O filme mostra Crô passando por um divorcio e lutando pela guarda de sua filha (que não é a menina boliviana adotada por ele no primeiro filme, essa não é sequer mencionada), mas sim uma cadela da raça Maltês. Após ser abandonado mais uma vez o ex-mordomo se sente triste e sozinho, o que faz com que ele logo acredite nas pessoas que aparecem na sua porta afirmando ser a família que ele nunca conheceu. Crô que antes era órfão, recentemente divorciado e sem a guarda da sua filha, agora passa a ter uma família completa, liderada pela mãe Marinalva (Arlete Salles) e o pai Orlando (Tonico Pereira), a família ainda conta com um irmão, uma cunhada e dois sobrinhos.

Desconfiadas da veracidade do parentesco sua governanta, Almerinda (Rosi Campos) e sua amiga Geni (Jefferson Schroeder) o alertam para a possibilidade de que aquilo seja um golpe, porém Crô que só quer sentir que pertence a algum lugar nega a possibilidade. Em meio as tentativas de Marinalva em dar o golpe e das amigas de Crô o alertarem, o filme se desenvolve.

O roteiro, adaptação de Leandro Soares ao original de Agnaldo Silva (autor da novela “Fina Estampa”), é confuso e desconexo, as cenas não se complementam de fato e falta sutileza, principalmente na hora de introduzir o patrocinador no contexto, além de não ter afinidade com a história já apresentada em 2013. O desenrolar da história é previsível e muitos dos personagens nada acrescentam, incluindo Carlota Valdez (Monique Alfradique), apresentada como a rival de Crô, mas que se fosse retirada do filme muitos não iriam nem perceber.

O longa que agora tem seu protagonista em uma classe social elevada retrata os mais pobres como animais a serem adestrados, sua família invade a casa como selvagens e mal conseguem terminar uma refeição sem que uma baderna seja instaurada e a participação especial de Jojo Toddynho como aluna na escola de etiqueta de Crô, comendo macarrão de uma maneira desajeitada completamente exagerada só reforça essa ideia.

As muitas participações especiais jogadas durante o filme são uma tentativa de atrair o publico de todas as maneiras, cantoras, comediantes, influenciadores digitais, todos tem suas aparições garantidas, mesmo que por alguns segundos, além das celebridades o longa também conta com participações de personagens conhecidos como Seu Peru (Marcus Caruso) da “Escolinha do Professor Raimundo” e Ferdinando (Marcus Majella) de “Vai que Cola”, numa espécie de especial de fim de ano do que eles acreditam que seja uma representação LGBT.

Segundo Marcelo Serrado a ideia era reunir as bichas icônicas, “Eu tive essa ideia de reunir a bichas icônicas, que era o Ferdinando e o Luis Miranda com um personagem que ele trouxe da Terça Insana e que fez na novela Geração Brasil, e o Seu Peru também, ia ter o Felix também, mas não pode por outros motivos, mas enfim esses icônicos, então, o chá das bichas”, afirma o ator.

O elenco, composto de nomes já muito conhecidos na comédia, como Arlete Salles, Rosi Campos e Tonico Pereira é o que torna o filme minimamente suportável, a Geni de Jefferson Schroeder também tem alguns bons momentos, mas logo fica saturada com os muitos bordões, tiradas sem graça e as gírias ultrapassadas que inundam o filme.

Crô fez sucesso como um personagem coadjuvante em uma novela de 2011, utilizando um estereótipo que em 2018 não tem mais espaço. Essa sequencia só reforça a certeza de que ele não é um personagem tão complexo a ponto de render tantas histórias.

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