Uma das medidas do novo presidente dos EUA, Donald Trump, é o impedimento da entrada de cidadãos do Irã, Iraque, Síria, Yemen, Somália, Sudão e Líbia no país por três meses e o bloqueio de refugiados de todos os lugares por 120 dias e por tempo indefinido cidadãos da Síria.
Essa medida do presidente, impede a equipe iraniana do filme ‘O Apartamento’ de ir à cerimônia do Oscar, no dia 26 de Fevereiro, o qual concorrem à categoria de Melhor Filme Estrangeiro. A Academia fez uma declaração diante dessa polêmica.
“A Academia celebra as conquistas na arte da realização de filmes, que busca transcender fronteiras e alcançar audiências ao redor do mundo, independente de nacionalidade, etnia ou diferenças religiosas. Como apoiadores de cineastas e defensores dos direitos humanos de todos, recebemos com bastante preocupação a notícia de que Asghar Farhadi, o diretor do ganhador do Oscar com um filme iraniano, e o elenco e produção de seu indicado O Apartamento, poderiam ser barrados de entrar nos Estados Unidos por motivos religiosos ou de nacionalidade.”.
O diretor Asghar Farhadi, fez um comunicado via o jornal The New York Times sobre essa notícia.
“Lamento anunciar através desta declaração que decidi não participar da cerimônia de entrega dos prêmios da Academia ao lado dos meus colegas da comunidade cinematográfica.
“Ao longo dos últimos dias e apesar das circunstâncias injustas que surgiram para os imigrantes e viajantes de vários países para os Estados Unidos, minha decisão permaneceu a mesma: participar da cerimônia e expressar minhas opiniões sobre essas circunstâncias em todas as imprensas do evento. Eu não tive a intenção de não participar e nem de boicotar o evento como uma demonstração de objeção, pois sei que muitos na indústria cinematográfica americana e da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se opõem ao fanatismo e extremismo que está ganhando espaço mais do que nunca. Exatamente como eu havia dito ao meu distribuidor nos Estados Unidos no dia em que os candidatos foram anunciados, que estaria participando dessa cerimônia junto com meu diretor de fotografia, continuei acreditando que estaria presente neste grande evento cultural.
“No entanto, agora parece que a possibilidade desta presença está sendo acompanhada por “se” e “mas” que não são de modo algum aceitável para mim, mesmo que exceções sejam feitas para a minha viagem. Gostaria, portanto, de transmitir através desta declaração o que eu teria expressado à imprensa se eu fosse viajar para os EUA. Difícil, apesar de suas nacionalidades, argumentos políticos e guerras, consideram e entenderem o mundo do mesmo jeito. Para entender o mundo, eles não têm escolha a não ser considerá-lo através de uma mentalidade de “nós e eles”, que eles usam para criar uma imagem temerosa de “eles” e infligir medo nas pessoas de seu próprio país.
“Isto não se limita apenas aos EUA; no meu país os linha dura são os mesmos. Durante anos, em ambos os lados do oceano, grupos de linha dura tentaram apresentar a seus povos imagens irrealistas e temerosas de várias nações e culturas para transformar suas diferenças em desentendimentos, seus desentendimentos em inimizades e suas inimizades em medos. Instalar o medo nas pessoas é uma importante ferramenta usada para justificar o comportamento extremista e fanático por indivíduos de mente pequena.
“No entanto, acredito que as semelhanças entre os seres humanos neste mundo e em suas várias terras, e entre suas culturas e suas crenças, superam em muito suas diferenças. Creio que a causa raiz de muitas das hostilidades entre as nações do mundo de hoje deve ser procurada na recíproca humilhação realizada em seu passado e sem dúvida a humilhação atual de outras nações são as sementes das hostilidades de amanhã. Humilhar uma nação com o pretexto de guardar a segurança de outra não é um fenômeno novo na história e sempre liderou as bases para a criação de divisões e inimizade futuras. Expresso aqui a minha condenação das condições injustas impostas a alguns dos meus compatriotas e aos cidadãos dos outros seis países que tentam entrar legalmente nos EUA e espero que a atual situação não gere uma maior divisão entre as nações.”.
A atriz, Taraneh Alidoosti, que protagoniza o o filme em questão, também se pronunciou em seu Twitter, sobre essa medida de Donald Trump e sua presença no Oscar.
“A proibição de vistos de Trump para iranianos é racista. Se isso inclui um evento cultural ou não, eu não comparecerei ao #AcademyAwards 2017 em protesto.”.