SINOPSE PEQUENA

O regime militar que imperou por vinte anos é o assunto do filme de Cláudio Marques e Marília Hughes que estreiam na direção. Depois da renúncia do presidente Jânio Quadros em 1964, os militares tomaram conta do Brasil. Quem era contra o regime era perseguido ou morto. Artistas se exilaram ou tiveram que se calar para não sofrer perseguição. Sem perder tempo, foi logo estabelecido o A-I-1 onde construíram suas próprias constituições e suas rígidas leis.

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Baseado nas próprias experiências, Cláudio era um imberbe em 1984 que presenciou um período importante para a vida de muitos brasileiros. O diretor decidiu compartilhar sua vivência amorosa e política num roteiro que teve total liberdade para introduzir memórias da falta de liberdade de expressão que durou vinte anos. O punk se faz presente como também, o rock psicodélico que os personagens cantam e tocam de maneira desajuizada vindo de referências da década 1970. O espectador se delicia com as músicas com gosto de ‘quero mais’. Vencedor do prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Harlem International Film Festival, o filme também venceu nas categorias Melhor Ator (Pedro Maia), Roteiro e Trilha Sonora no Festival de Brasília.

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Este é o cenário de “Depois da Chuva”, ambientado na Bahia em 1984, um ano antes do fim da ditadura que é vista aos olhos de Caio, um adolescente (o estreante Pedro Maia) de um colégio particular em Salvador. De classe média, apesar de sua situação financeira estar em baixa, o maior problema que ele enxerga não é consigo mesmo, mas sim no coletivo (traduzindo: a condição que a nação brasileira se encontrava em 1984). Correndo o risco de ser expulso do colégio, Caio toma uma decisão radical: a de se eleger para o grêmio estudantil. Não que o herói teen esteja recuando. Ele se vê sozinho e vai contra aquilo que realmente acredita e defende. É quando sua redação é alvo de repressão que Caio entende com mais clareza como funciona o esquema de política imposta pelo partido que está no poder.

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A nostalgia se encontra presente e é apresentada em forma de flash-back com arquivos da época como o primeiro caso de morte por HIV no Brasil, o comercial de uma calça jeans que era apresentado nas redes de TV e os fatos que ocorreram durante o excesso de autoridade que comandava. Outras imagens também mostradas são a da posse de Tancredo Neves onde nesse governo o momento das Diretas Já funcionou e o brasileiro ganhou o direito de eleger quem ele quer que o represente.
De uns anos pra cá, produções que falam sobre o regime militar como o ótimo “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, “Batismo de Sangue” e o recente “Tatuagem” são vistos de maneiras distintas: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” é visto de forma tenebrosa por um garoto, “Batismo de Sangue” é visto de um jeito aterrorizante por um grupo de frades por sentiram na pele os horrores das torturas, e visto como se o regime não existisse em “Tatuagem” por não demonstrarem medo nem respeito. Aqui é uma auto-análise vivida na pele de um adolescente que compartilha com o público a época de um governo de poder supremo que nos faz refletir e contém feridas que jamais serão curadas.

Trailer do filme:

 

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