DUETTO | PRODUÇÃO ÍTALO-BRASILEIRA COM GRANDE ELENCO NÃO TRAZ UMA HISTÓRIA À ALTURA

Duetto é um filme brasileiro que divide sua história e seu elenco entre o Brasil e a Itália. Essa mescla do italiano com o brasileiro é bonito de se ver, a fotografia tem muito bom gosto e o elenco é de primeira, até a trama chama atenção à primeira vista e a junção desses fatores poderia ter resultado num filme tão bom quanto, mas infelizmente o excesso de reviravoltas e falta de autenticidade ficam no caminho e o que temos no final é um filme visualmente interessante, mas com uma história sem vida.

O primeiro núcleo familiar a que somos apresentados é o de Marcelo (Rodrigo Lombardi) e Isabel (Maeve Jinkings), eles estão passando por tempos turbulentos em seu casamento e sua filha Cora (Luisa Arraes) presencia uma briga especialmente feia entre eles, que faz com que Marcelo saia de casa com a cabeça quente, ele sofre um acidente de carro e vem a falecer. Então entra na trama Lucia (Marieta Severo), avó de Cora e mãe de Marcelo, ela não se dá muito bem com a nora e depois da morte do filho decide viajar para Itália sob o pretexto de resolver assuntos de família, levando a história e a neta com ela.

Já na Itália, Lucia e Cora ficam na casa de Sofia (Elisabetta De Palo), irmã de Cora, e seu marido Gino (Giancarlo Giannini), que também abrigam o jovem Carlo (Gabriel Leone), enquanto os mais jovens se dão bem desde o início, os mais velhos claramente têm atritos, que são mais explanados no decorrer do filme. São esses dramas familiares que carregam a história, sobretudo a rixa existente entre as irmãs e a relação conturbada entre Cora e Gino. No entanto, Cora também recebe o seu destaque levando uma trama paralela envolvendo Carlo e, mais tarde, seu ídolo da música italiana Marcello Bianchini (Michele Morrone, o astro da franquia 365 Dias da Netflix).

A preocupação da direção de Vicente Amorim com os aspectos plásticos da produção é bem evidente – e acaba sendo um ponto muito positivo do filme no geral, mas não anda junto, nem é o suficiente para distrair nossa atenção das falhas do roteiro e da superficialidade dos personagens, que permanece apesar dos esforços dos atores. A mistura dos idiomas português e italiano não atrapalha, mas também pouco acrescenta à história, tramas que poderiam ter um desenvolvimento atraente acabam esquecidas, e o melodrama acaba aparecendo de forma desequilibrada e desencontrada.

Os acontecimentos de “Duetto” se passam na década de 60, no ano de 1965 para ser mais exata, um momento especialmente interessante tanto na Itália quanto no Brasil, mas o cenário político é pouco explorado, nas entrelinhas quando mencionado. A falta desse aspecto é preenchida por um mistério mal trabalhado causado por um assassinato suspeito – mas não muito bem trabalhado, aumentando o senso de estranheza que o filme causa no final.

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