As Montanhas Se Separam

‘As Montanhas se Separam’ nos da a mesma história contada em três períodos distintos, a ligação atemporal nos apresenta uma história interessante.

Uma narrativa que fica em torno de Shen Tao, em três épocas diferentes. Sendo que elas se passam em 1999, onde temos a nossa protagonista ainda jovem, que posteriormente divide a história com dois amigos: Jisheng, um homem rico e apaixonado pela moça, e Liangzi, um metalúrgico que leva uma vida modesta, mas que também tem sentimentos por Shen Tao. Já em 2014 e 2025 podemos acompanhar as consequências de escolhas e decisões feitas pelos personagens.

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O diretor Zhang-ke Jia é conhecido por fazer filmes sobre os sentimentos humanos relacionados com o passar do tempo, filmes como: ‘O Mundo’ de 2004, ‘Um Toque do Pecado’ de 2013 e o excelente ‘Em Busca da Vida’ de 2006. O seu estilo é um dos pontos altos em seus filmes, sempre com planos de encantar os olhos, sem americanizar suas histórias ou personagens.

Podemos ver a marca de Zhang-ke Jia consolidada em ‘As Montanhas que se Separam’. Mesmo não sendo o melhor trabalho do diretor, aqui encontramos um equilíbrio de tempo, laços concretizados e escolhas. Divido em três partes é muito mais justo fazer a análise de cada tempo abordado no filme, sem revelar muitas coisas, para não estragar a experiência de ninguém.

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Em 1999 vemos uma Shen Tao ( Zhao Tao ), sonhadora e com uma amizade muito sincera com os seus dois amigos. Ela tem aquele clichê da jovem oriental ingênua, o que não a torna boba, porém são nos primeiros vinte minutos do filme, os quais são os mais inexpressivos da atriz, onde o material é muito vago para grandes interpretações, mas quando a personagem começa a tomar escolhas, vemos uma evolução dela que em poucos arcos traduzem tudo que precisamos saber para uma próxima reação.

Nesse primeiro ato Jisheng ( Yi Zhang ) é quem carrega a primeira parta da história. Esse é um ponto importante da direção, ela dá oportunidade para cada personagem ter o seu momento de impacto, e as vontades de Jisheng, nesse arco, fazem toda a diferença para o destino de todos os personagens.

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Já Liangzi ( Jing Dong Liang ) tem o peso mais fraco nessa parte, um personagem que não damos muita importância, mas que no próximo momento em que o encontrarmos teremos a melhor montagem do filme com esse personagem.

O primeiro ato é morno, mas sorridente, mesmo aparentando ser o único dos três que não foi cortado na edição sul-americana, ele é uma boa desculpa ao que vem a seguir, com os personagens sendo apresentados e com decisões que vão mudar a vida de todos, podemos dizer que o primeiro ato é necessário, mas não é o que vai fazer você lembrar do filme ao sair da sessão.

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2014 começa com Liangzi em uma montagem que me fez endireitar na cadeira e ver o filme com outros olhos, a construção do personagem nessa parte é magnifica e a minha predileta no filme. Josheng é totalmente descartado nesse segundo ato, mas as suas decisões demonstram o poder sobre os outros personagens.

O foco principal da segunda parte é Tao, com um filho que mora longe e com acontecimentos predominantes para mudar toda a sua vida, somos apresentados à uma Tao independente, estruturada, porém arrependida de todas as decisões do passado. Destaque para a direção e a interpretação de Tao, o peso das suas escolhas está nos olhos, as expressões e diálogos são primorosos.

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O segundo ato é amargo e nos apresenta as consequências do primeiro, e novas decisões que vão acarretar com uma força descomunal no futuro. O primordial dessa obra, nunca é o que está escancarado na trama, mas os detalhes da mesma, se você der atenção aos detalhes, a compreensão sobre o rumo que a história se encaminha fica melhor.

Em 2025, mantendo a promessa de evitar os Spoilers, tentarei ser breve nesse último ato. Aqui somos apresentados à adolescência de Dollar. Morando na Austrália com o seu pai e não tendo contato algum com a mãe, Dollar é um rapaz que quer se descobrir, e para isso irá pedir ajuda para a sua professora. O que acontece com os três personagens comentados nos outros anos é a resposta que Dollar tanto procura.

‘As Montanhas que se Separam’ é um drama de qualidade, mesmo vendo ele aos pedaços, pois a distribuição nacional está com o tempo reduzido, deixando pontas soltas aos que pedem por explicações explicitas, mas se prestarmos atenção aos detalhes, o final é muito satisfatório e bem feito, com mais uma obra Chinesa de encher os corações cinéfilos. Mesmo que a minha antiga birra com a trilha sonora chinesa continue, eu entendo que a cultura é aquela e devo aceitar. Temos aqui um bom filme, com ótimos personagens e um diretor que sabe o que faz.




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