Do Actor’s Studios por ele administrado como diretor artístico desde os anos 1930 saíram todos os maiores mitos do cinema, de James Dean a Al Pacino e Marilyn Monroe, cuja proteção dada por ele sempre foi criticada, por Marilyn ser vista como um corpo sem talento algum.
O centro nervoso deste meio criativo foi a cidade de Nova Iorque com seu cenário da Broadway (espetáculo) e off-Broadway (“teatro sério”), onde Tennesse Willians montou sua peça ‘Um Bonde Chamado Desejo’ com o próprio Brando no palco. Toda essa disputa pelo troféu de quem entendeu melhor o ‘método’ se dava porque Lee Strasberg discordava de Stela Adler, porque achava que interpretação deveria ser freudiana, ou seja, calcada na subjetividade do ator em relação a suas experiências pessoais, e não tanto a descoberta do personagem. Stela que foi aluna de Stanislavski já via a imaginação como força central da atuação.
Porque estamos discutindo tudo isto com você cinéfilo de carteirinha? Simplesmente porque o cinema americano se empobreceu quantitativamente em grandes atuações desde que a partir da década de 1980, a TV foi quem trouxe os atores para Hollywood, e alguns deles nunca pisaram num palco.
O tempo da telinha e sua velocidade atropelam a capacidade do ator de entender seu personagem, coisa que o teatro só aperfeiçoa, mas como cinema é uma montagem, sempre dá um jeito de esconder a canastrice de alguém, ou até se aproveitar dela.
Essa foi a principal discussão de ‘Birdman’, o filme ganhador do Oscar de Iñarritu que criticou a época em que estamos vivendo de marketing pesado e adaptações de heróis que substituem a arte de atuar pelo fetiche que o fã tem pelo personagem, portanto, já vai sem senso crítico para assistir um filme, e a infantilização do mercado torna-se a mola motora central do dinheiro na meca do cinema. Uma pena.
Portanto fica a dica de uma boa pesquisa para os leitores do Pipoca de Pimenta em conhecer a carreira do ator e mentor Lee Strasberg, e sua importância para a história do cinema, com polêmicas ou não, e leiam ‘O Ator de Cinema’ de Jaqueline Nacache que explica bem a função do ator diante da câmera e a autobiografia de Marlon Brando ‘Canções que Minha Mãe me Ensinou’.
Só para quem não se lembra dele, Strasberg é o velho mafioso Hyman Roth em ‘O Poderoso Chefão II’. Boa diversão a todos.