Na infância, as crianças aprendem amar animação, aliás, meu amor pelo cinema, e acredito que o de muitas pessoas, começou com Disney e Pixar. Bem, atualmente, a animação continua sendo uma grande porta de entrada para o cinema, e pelos mesmos estúdios. Apesar de um crescimento significativo da Dreamworks e do Studio Ghibli, o domínio do mercado de animação continua sendo entres esses quatro estúdios citados, enquanto outros estúdios não conseguem se achar no mercado, continuando com histórias bobas e forçando no humor e nas lições.
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‘As Aventuras de Robinson Crusoé’ é mais uma animação de Vincent Kesteloot, diretor de ‘Sammy: A Grande Fuga’ (2013), que não funciona. A falta de exploração com a ambientação e com os personagens, deixa o roteiro, fraco em sua essência, mais insignificativo. A história clichê e boba cansa com os minutos passados e não conseguem prender o espectador alvo e afasta os pais de levar os filhos ao cinema, diferente de animações que conseguem satisfazer as crianças e ainda chamar a atenção dos pais. O longa não traz um grande questionamento ou uma lição, ele apenas entrega uma história boba e na tentativa forçada de ser divertida.
A animação apresenta piadas longas e muito forçadas, além de tentar explorar o 3D com cenas criadas justamente para que a tecnologia funcione, falhando miseravelmente jogando os personagens de um lado para o outro. Outra falha está na tentativa de explorar um ato dramático, mas faltou coragem, onde o espectador não sente o drama e a própria direção não explora isso com uma trilha ou utiliza o acontecimento como uma motivação a mais para o personagem, é apenas uma cena do filme que passa despercebida e não emociona.
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Seu final facilmente previsível só ajuda a desanimar quem assiste. A animação apresenta o feijão com arroz, sem ao menos explorar a própria ambientação criada. O filme traz uma ilha pequena, e por 30/40 minutos é explorado apenas uma região dela. A grande quantidade de personagens faz muitos deles não serem explorados corretamente e muitos passam despercebidos, sendo esquecidos facilmente, junto com o filme.
Apesar de seu título trazer o nome do personagem do romance de Daniel Defoe, já adaptado inúmeras vezes no cinema, Vincent Kesteloot não consegue trazer muito do personagem de 1719 e nem sua história. Com pequenas e fracas referências da obra original, o nome do personagem poderia ser facilmente trocado por qualquer outro. Não há uma releitura da obra ou sequer uma outra visão, apenas existe uma tentativa de brincadeira, mas realizada de forma fraca.
Mesmo não sendo uma boa animação, ‘As Aventuras de Robinson Crusoé’ conseguiu ser melhor que o trailer, que o vendeu como um filme exageradamente bobo e com personagens que não são aquilo no filme, como o próprio Robinson Crusoé. Mesmo com um roteiro fraco, é possível observar uma bela qualidade no design gráfico dos personagens e passa a mensagem que para essas animações o que falta é só uma história bem escrita. Diante artistas e celebridades dando vozes a personagens animados, ‘As Aventuras de Robinson Crusoé’ não tem um nome grande para a dublagem, mas consegue apresentar um belo trabalho, com vozes muito bem encaixadas e dirigidas.
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