Exibido em diversos festivais e vencendo alguns prêmios como de figurino no AACTA Awards no ano passado, estreia ainda este mês aqui no Brasil, “O Sonho de Greta”, comédia indie da diretora australiana estreante Rosemary Myers. “A Garota Adormecida”, como descreve o título original, na verdade transcende um desejo de liberdade de ser quem queremos ser na fase da adolescência em um filme que poderia tirar melhor proveito disso. Ao invés dele explorar certos temas de forma madura (mesmo com o bom – do pouco – humor que ele mostra), “O Sonho de Greta” perde essa oportunidade em um delírio com seus medos vencidos de forma pueril e de gosto duvidoso. Apesar desse embate entre a estética do filme (da linda fotografia que lembra os filmes de Wes Anderson – em especial o fofo “Moonrise Kingdom”) e do constrangedor, está longe de ser ruim.

Créditos: Divulgação

Para quem curte filmes teens (como o ainda inédito “O Novato”), poderá sentir uma certa estranheza o jeito como o tal sonho que, era pra ser o ápice do longa, não empolga. O roteiro, baseado na peça do ator Matthew Whittet (que no filme interpreta Conrad, pai de Greta) não deixa de ser pertinente para seu gênero comédia, mas que nem sempre funciona e não se apega a certos detalhes, como o fato do trio de irmãs querer que ela faça parte do seu meio ou de outros eventos que o público testemunha, não dando nem tempo de ligar uma coisa a outra. Uma alusão de mostrar uma fase de sazonamento da garota, é uma tentativa de um estupro, numa cena perturbadora durante o sonho da ninfeta.

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A história se passa no ano de 1970. Greta é uma adolescente que está prestes a completar quinze anos. Nova na cidade, ela não tem amigos e é introspectiva. O filme começa com uma cena em primeiro plano quando ela, involuntariamente faz amizade com Elliot, um garoto ruivo e adorável que sempre vê o lado bom de tudo. Ao mesmo tempo em que desperta o desejo em Elliot em ser seu amigo, ela chama a atenção de três arrogantes garotas. Logo após esta cena, nos é apresentada a família de Greta. Sua mãe é zelosa com a casa, quer que tudo seja e saia perfeito. O pai, atencioso e protetor com porte físico de atleta que usa short curto exibindo certo volume entre as suas pernas e suas coxas malhadas. Apenas sua irmã mais velha percebe a dificuldade que Greta tem em amadurecer por ter passado por algo semelhante.

Greta se vê prisioneira em sua própria liberdade quando decide aceitar contra sua vontade, uma festa planejada por seus pais. É durante a festa que ela cai num sono profundo e se depara com seus maiores medos. A serena vida da mocinha, é afetada pela festa e vem a tona várias preocupações, inclusive o fato de estar mais velha. Abalada por sofrer humilhação na frente da turma da escola, ela decide trancar-se em seu quarto e exaustivamente esgotada com tudo o que está acontecendo, acaba adormecendo. No psicodélico sonho, ela tenta recuperar sua adorada caixinha de música que recebera de presente quando tinha cinco anos de idade. Greta corre em meio a uma floresta habitada por seres fantásticos, é auxiliada por Huldra, uma mística guerreira durona, e seus pais em reencarnações sinistras.

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O filme traz uma reflexão de como crescer é uma coisa muito difícil e que se render para evitar brigas e outros aborrecimentos, é a melhor saída. Na inserção dramática, tem seu lado sensível com diálogos e personagens excêntricos através das dificuldades que parecem ser frutos das atitudes de Greta, como se ela fosse rebelde ou tivesse motivos para ser obrigada certas condições que tentam lhe impor. Entre estas tramas paralelas, os fantasmas presentes na vida dela, sentem a necessidade de serem exorcizados como uma espécie de tapa na cara, para que ela caia na real – as alucinações e o bonito trabalho da direção de arte do cenários artesanais lembram muito o bobo e chato “Onde Vivem os Monstros” de Spike Jonze.

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“O Sonho de Greta” reforça a opressão de uma mãe e a proteção e compreensão de um pai e é destinado ao público mais jovem embalado com boas canções da época como o gostoso som de Sylvester com “You Make Me Feel (Might Real)” e “Real Thrill” da extinta banda Universal Togetherness Band fazendo com que a plateia também curta aqueles momentos com os personagens. A trilha sonora é apropriada em seus momentos tristes e alegres de uma garota que se recusa a deixar para trás sua infância, recusando-se a aceitar sua fase de puberdade. O desfecho realmente convence, por não estabelecer regras nem fixar moralidade, mas que se torna impreciso por sua falta de profundidade psicológica e por isso, aparenta ser uma obra tola. Por outro lado, a ingenuidade sempre presente conquista. Não exija muito de “O Sonho de Greta” já que seu charme e beleza (da refinada fotografia) são mais atrativos.

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