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Dentre as maiores empresas da indústria do cinema, a Disney é a que mais se destaca no mercado. Não só pelo financeiro, mas por toda sua essência nostálgica, positiva e reflexiva em suas obras. Vide todas as animações já lançadas. Uma das marcas da empresa, que se tornou uma obra clássica, não só dela, como também do cinema, é Mary Poppins (1964).

Considerado um dos maiores musicais já feitos, o filme também ganha sua importância pela mensagem positiva que só a Disney consegue transmitir, sobre como sonhar e utilizar da sua criança interior para ser mais feliz e fazer a vida ser menos complexa.

54 anos depois, ficou a mercê de Rob Marshall – marcado por dirigir clássicos como Chicago (2002) e Annie (1999) – continuar a história dos irmãos Banks, agora já adultos. Como em Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível (2018), a Disney decidiu, através da direção de Marshall e do roteiro de David Magee, reforçar o espírito nostálgico e sonhador.

Com esse ideal, Magee e Marshall estabeleceram retomar toda a essência do clássico, e atingiram esse objetivo perfeitamente.

Tão perfeitamente que a estrutura narrativa da sequência é igual a do primeiro filme. Na essência, parece um ponto negativo à obra, porém, por ser uma sequência “direta” do clássico, faz com que esse retorno funcione como uma homenagem, ao mesmo tempo que traz coisas novas.

Apesar dos pontos essenciais serem iguais, como a situação em que Mary Poppins chega, o envolvimento de Banks com o banco, Jane trazendo a essência política da mãe, entre outros pontos. Na montagem do filme, principalmente. Os principais “clipes” seguem a mesma sequência do filme de 64. O primeiro começa com Bert, aqui com Jack. O primeiro momento musical de Mary Poppins no clássico é com as crianças arrumando o quarto, aqui é no banho. A mistura com a animação 2D no filme de Robert Stevenson acontece através de um quadro no chão e nesse novo filme é uma cerâmica.

Mesmo parecendo uma “cópia” do primeiro filme, a construção narrativa é coesa na sequência. Então, essa suposta reprodução funciona mais como uma homenagem, fortalecendo a essência nostálgica que também esteve muito presente no filme do ursinho Pooh.

A homenagem também aparece nas mudanças criadas por Magee, principalmente com Bert, que aqui não está presente, porém existente no universo. No caso, Jack funciona como uma espécie de Bert. Contudo, Lin-Manuel Miranda não imita ou procura substituir o personagem de Dick Van Dyke.  Pelo o contrário, Jack possui sua essência própria e Miranda conseguiu transferir isso muito bem em tela.

Outro destaque é, claramente, Emily Blunt, que, igual a Miranda, não tenta se elevar a Julie Andrews. Emily repete o papel de Julie, deixando a personagem fiel na essência, trazendo uma ou outra situação em que a nova Mary Poppins aparenta agir de um modo que a antiga não agiria. Porém, nada que ofusque todo o poder de Emily em tela.

Outro ponto positivo se divide em três. No caso, as novas crianças.

Karen Dotrice e Matthew Garber são o principal defeito do longa clássico, com atuações debilitadas. Por agora, Pixie Davies, Nathanael Saleh e Joel Dawson são encantadores em tela, transportando brilhantemente o sentimento inocente e sonhador que uma criança tem e deve ter. Ao lado de Emily, os três se destacam primorosamente, principalmente ao comparar com os mesmos mirins do filme estrelado por Julie.

Ben Wishaw, Emily Mortimer, Colin Firth e Meryl Streep são outros quatro responsáveis por O Retorno de Mary Poppins manter o fiel encanto do primeiro longa. Enquanto Wishaw e Emily retomam papéis, Firth e Meryl interpretam personagem inéditos. Contudo, como toda a sequência, os dois retratam novos personagens, mas com velhas semelhanças.

Musicalmente, a sequência é tão perfeita quanto seu sucessor. Marc Shaiman e Scott Wittman conseguiram transportar a substância das músicas clássicas e adaptaram para esta sequência, que traz músicas tão lindas quanto as de 64. Suas letras mantém a necessidade da mensagem positiva e reflexiva sobre nossas atitudes e da sociedade na qual vivemos. O que dá ainda mais força para O Retorno de Mary Poppins ser uma sequência digna.

Ao todo, a sequência consegue funcionar sozinha. Entretanto, aqueles que tratarem de assistir o primeiro, irão sair ainda mais encantados do cinema. O Retorno de Mary Poppins ensina não só como fazer um musical Disney com esmero, como demonstra que é possível realizar uma sequência de qualidade, respeitando o original, sem procurar superar ou aumentar o que já foi feito. O longa é uma verdadeira e linda pérola em meio a um final de ano bagunçado e conturbado.

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