Contém spoilers
Depois de uma longa espera, estreia finalmente esta semana, “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, filme que promete explorar ainda mais o multiverso plantado nas últimas produções da Marvel, como “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa”, “What If…” e “Loki”.
Dirigido por Sam Raimi, o longa tem novamente o ator Benedict Cumberbatch, como o Dr. Strange e atriz Elizabeth Olsen, como Wanda Maximoff. Além de trazer novos heróis para as telonas, como a jovem atriz Xochitl Gomez, que interpreta a Miss América, personagem de grande importância para esta fase da MCU.
O filme se passa após os eventos de “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa”, onde o Doutor Estranho, com a ajuda de antigos e novos aliados místicos, viaja para o multiverso para enfrentar um novo e misterioso adversário.
Ao decorrer do longa, a história vai tomando um rumo sombrio a transformar heróis em vilões e vice-versa. Por exemplo, o Barão Mordor (Chiwetel Ejiofor), vilão do primeiro filme de “Doutor Estranho”, tem sua versão heroína em outro universo, enquanto o próprio Dr. Strange virou o vilão. Outro exemplo, é a ex-vingadora Wanda Maximoff, que após ter sua trajetória mostrada na série “WandaVision”, vira a Feiticeira Escarlate e passa a ser uma vilã impiedosa em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”.
Como o título do longa já diz, a loucura é o que move a narrativa do começo ao fim. O roteiro de Michael Waldron tem uma grande missão em trazer sentido para as viagens pelo multiverso e a introdução de personagens na história. O resultado final tem seus deslizes e pontas soltas de enredo, mas consegue entregar as principais questões levantadas, principalmente, de como funciona o multiverso da MCU.
Além disso, percebe-se o trabalho da produção em trazer mais diversidade para seus filmes, onde finalmente temos mais personagens mulheres, latinos e negros. Algo que o conceito de abordar vários universos e versões de heróis auxiliaram para essas mudanças, como as heroínas Capitã Carter interpretada pela Hayley Atwell (versão feminina do Capitão América), a variante da Capitã Marvel que é negra feita pela Lashana Lynch, além da Miss América (Xochitl Gomez), que é uma personagem latina e que tem duas mães.
Mas, o grande destaque é a direção de Sam Raimi, que entrega um de seus melhores trabalhos ao conseguir transmitir a sua assinatura em um filme de herói. O diretor que já é conhecido por ter feito a trilogia do Homem-Aranha, também marcou o cinema com seus filmes de terror nos anos 80 e 90, com a franquia “Evil Dead”, filmes de terror trash e sobrenatural. E em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, Raimi cria algo inédito na Marvel ao utilizar nuances e referências do horror, com cenas de jump scare, possessão e insanidade, tudo isso acontecendo em um filme de herói.
Além disso, a atriz Elizabeth Olsen, entrega uma ótima atuação. Transitando como a heroína doce Wanda, e sua versão maléfica, a Feiticeira Escarlate, ela entrega camadas mais profundas da personagem. Wanda vira a grande vilã do filme, onde é extremamente poderosa e imbatível. As cenas de terror ficam quase todas por sua conta, principalmente, por ter virado uma assassina em massa.
O lado negativo está na parte técnica da produção, onde os efeitos visuais estão inacabados e visivelmente precários. As cenas de batalhas são mergulhadas em CGI, algo que poderiam ter trabalhado com mais efeitos práticos, para encontrar um equilíbrio e prezar pela qualidade de imersão. Esse problema vem sendo um dos pontos mais visíveis nas produções mais recentes da MCU, o que mostra a necessidade de uma melhoria nesta questão.
Mas claro, que quando se fala em filmes do universo da Marvel, sempre é esperado as cenas com personagens que o público torce para ver nas telonas. Como foi o caso do último Homem-Aranha, este filme também traz de volta personagens e atores que os fãs amam, como ator Patrick Stewart, que volta a interpretar o eterno Professor Xavier, mas desta vez em uma nova versão, onde o personagem é um dos membros dos Illuminatis. Junto com ele, o ator John Krasinski é o Senhor Fantástico e Anson Mount como Raio Negro.
Concluindo, o filme preza pela diversidade, acerta com um elenco afiado e também na direção, onde Sam Raimi entrega um dos melhores filmes de sua carreira, e um dos melhores filmes para a Marvel. Uma produção que cumpre a promessa de seguir a ideia de explorar o multiverso de uma forma inteligente.