Talvez essa seja a crítica mais curta que eu já escrevi. Não porque eu não tenho o que falar, mas sim porque se eu fosse falar tudo que eu tenho para falar de “Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo”, eu falaria demais. E eu tenho certeza de que depois que você assistir (e acredite em mim, você TEM que assistir), você também vai ter muito a dizer e provavelmente nada do que eu diria.
Para cinéfilos, ou para quem escreve críticas, é comum assistir a muitos filmes, só essa semana eu assisti a quatro lançamentos, mas são pouquíssimas as vezes em que esbarramos em algo como Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo. Eu já tinha ouvido reações muito positivas em relação ao filme que estreou no começo do ano nos EUA e fiz o que nunca se deve fazer: criei expectativas. Decidi não ver nada sobre o filme até seu lançamento nos cinemas brasileiros, só fiquei sabendo que se tratava de uma história sobre multiversos porque está escrito no poster, mas nem mesmo o trailer eu cheguei a ver. Acabou sendo uma ótima escolha e se você não tem objeções sobre assistir a um filme sem ter muitas informações sobre ele, pare de ler e compre seu ingresso. Ah e quanto às expectativas que eu tinha, todas foram superadas.
Agora, se você quer saber um pouco mais, aqui vai, mas sem qualquer tipo de spoiler. O filme é protagonizado por Michelle Yeoh que dá vida à Evelyn Wang, uma imigrante chinesa que mora nos EUA com seu marido Waymond (Ke Huy Quan), sua filha Joy (Stephanie Hsu) e seu pai chamado de Gong Gong (James Hong), a família leva uma vida pacata e humilde administrando uma lavanderia. Evelyn, assim como a grade maioria das mulheres, se sente sobrecarregada com as tarefas de casa, os problemas do casamento, cuidados com seu pai, desentendimentos com a filha e todo o resto. Para completar, a auditoria de sua lavanderia é extremamente complicada e a auditora não facilita em nada, mas tudo começa a mudar quando Evelyn é abordada pelo Alfa Waymond, uma versão do seu marido de um universo paralelo, que diz que Evelyn é a única esperança para salvar todo o multiverso de um grande e poderoso mal.
Eu não vou falar mais nada da trama além de que, se você acha que esse é só mais um filme de ficção científica, você está muito enganado. Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo é sim um filme de ficção, de ação, de comédia, ele vai ter as cenas mais loucas e absurdas que você já viu na vida e vai te fazer rir, também tem cenas de luta que vão te deixar impressionado, e então, quando você menos esperar, vai receber histórias de amor e lições de vida que vão te deixar em lágrimas. A história realmente faz jus ao título.
Escrito e dirigido por Daniels (Dan Kwan e Daniel Scheinert) que fazem um trabalho magnífico tanto no roteiro quanto na direção, Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo é um filme uma ficção científica de comédia romântica de ação dramática e tudo mais que você conseguir incluir. É sobre trauma intergeracional, sobre as dificuldades da vida dos imigrantes e até mesmo sobre impostos. É sobre como o mundo é tão maior e nós tão menores do que poderíamos imaginar e sobre como nada importa de verdade. É sobre gentileza, paciência, empatia e até a evolução. É sobre família, sobre como o amor sempre encontra um caminho e sobre como, porque tudo é tão pequeno, tudo importa tanto.
Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo é o melhor filme desse ano e, na verdade, de muitos outros também.