Becky (Grace Caroline Currey), sua melhor amiga Shiloh (Virginia Gardner) e seu marido Dan (Mason Gooding) estão escalando uma montanha/penhasco incrivelmente alto e que apresentaria um perigo absurdo para qualquer um com o mínimo de apreço à vida. Os três jovens, no entanto, estão vivendo momentos de felicidade extrema em sua escalada e parecem saber o que estão fazendo – certamente a experiência e os equipamentos de segurança estão presentes, mas um imprevisto acontece e Dan acaba caindo lá de cima, sob os gritos desesperados de ambas as meninas. A queda é a primeira cena de “A Queda”.
Um ano depois, Becky e Shiloh se distanciaram, Becky não sabe lidar com o luto, para sua vida e acaba procurando consolo na bebida, seu pai (Jeffrey Dean Morgan) tenta fazer com que a menina siga sua vida, mas depois de já ter tentado todas as palavras de afeto, só lhe resta a raiva e, angustiado, passa a dizer coisa nada simpáticas sobre o falecido marido de sua vida e sobre como ele não merecia as lágrimas de sua filha. É claro que isso não ajuda em nada sua relação com Becky, e, reconhecendo seu erro, ele resolve pedir a ajuda de Shiloh para tirar a menina do casulo.
Shiloh passou o último ano viajando e se tornando uma estrela da internet gravando vídeos de suas aventuras perigosas e arriscadas, no estilo “só se vive uma vez”, para sua lista crescente de seguidores. Quando ela volta, atendendo ao pedido de James, traz uma sugestão nessa mesma linha: escalar uma torre – que um dia já foi a estrutura mais alta dos EUA – com o dobro da altura da Torre Eiffel, para sentir a adrenalina e aproveitar para espalhar lá de cima as cinzas de Dan. Mesmo relutante, Becky aceita e de um dia para o outro as duas saem a caminho da torre de rádio completamente abandonada, no meio do nada, cercada por urubus e sem qualquer indicação de uma manutenção. Se isso parece uma pessoa ideia para você sem ter assistido o filme, acredite, parece pior ainda enquanto você assiste, mas, de alguma forma, ainda rende um filme surpreendentemente eletrizante.
Quando vemos um filme, cujos personagens fazem escalada, chamado “A Queda”, é naturalmente que fiquemos céticos quanto à sua qualidade. Essa desconfiança só aumentou quando descobri que o filme teria quase 2 horas de duração com cenas quase que 100% limitadas a um espaço minúsculo divido por duas meninas em cima de uma torre, afinal, quantas coisas podem acontecer por tanto tempo na insegurança do topo de uma torre? Bom, aparentemente coisas suficientes para te manter vidrado na tela por quase 2 horas.
É realmente curioso como o diretor Scott Mann conseguiu criar uma tensão tão palpável com um roteiro tão simples, as duas personagens principais nem ao menos são cativantes, inclusive no começo é bem difícil passar por cima das decisões duvidosas das duas até começar a torcer por elas de fato, mas com close-ups de movimentos arriscados e as maneiras pra lá de engenhosas que as meninas encontram para sobreviver, Mann consegue criar um thriller para te deixar na beira da cadeira até o último segundo – e se você tem medo de altura, pode até considerar como um verdadeiro filme de terror, um muito assustador, por sinal.
Mesmo com alguns deslizes (sem intenção de trocadilho), uma trama um pouco forçada no meio do filme e uma reviravolta não exatamente necessária, a história de luta pela sobrevivência é tão bem contada e você se sente tão imerso na tensão sentida pelas meninas, que é difícil prestar atenção em qualquer outra coisa, o que acaba sendo exatamente o que o filme precisava.