Ruby Marinho – Monstro Adolescente
Director
Kirk DeMicco e Faryn Pearl
Genre
Animação
Cast
Writer
Pam Brady, Kirk DeMicco e Elliott DiGuiseppi
Company
Universal Pictures
Runtime
90 minutos
Release date
29 de junho de 2023
Ruby é a filha mais velha da família Marinho, ela vive numa cidade à beira mar com seus pais e seu irmão mais novo. À primeira vista, eles podem parecer uma família como qualquer outra da cidade, a não ser pela cor – eles são azuis -, a quantidade de dedos na mão, as guelras, etc, etc, mas tudo isso é justificado com a desculpa de que eles são canadenses (uma piada especialmente boa para o público norte-americano e que perde um pouco de sua força aqui no Brasil). Na verdade eles não só não são canadenses, como também não são humanos. Todos da família são espécies de criaturas marinhas, as mulheres da família, inclusive, são krakens, “monstros” marinhos responsáveis por defender os Sete Mares, mas todos se passam por humanos por conta de traumas e problemas enfrentados pela mãe de Ruby no passado.
Se passar pela puberdade como humano já é difícil, crescer como um kraken fingindo ser uma adolescente normal é mais difícil ainda. Tudo que Ruby quer é ser uma menina “normal” e ir ao baile da escola com seus melhores amigos e, se tudo der certo, com Connor, o skatista da escola por quem ela tem uma quedinha. Quando a escola marca a festa num barco, sua mãe a proíbe de ir imediatamente: Ruby nunca deve ficar perto do mar, ou se transformará no kraken gigante, mas adolescentes não são conhecidos por seguirem regras ou tomarem ótimas decisões, então é claro que Ruby, inevitavelmente, acaba assumindo sua forma kraken de um jeito ou de outro e isso desencadeia uma série de situações que forçam Ruby e sua família (até mesmo o tio e a avó, de quem nunca foram próximos) a encararem seus traumas e quem realmente são, descobrindo que ser igual a todo mundo muitas vezes não é a melhor opção.
A narrativa de Ruby Marinho – Monstro Adolescente é divertida e envolvente para todas as idades. O humor está sempre presente, mas quase nunca de forma exagerada e apesar dos personagens coadjuvantes serem pouco explorados, se encaixam bem na história quando aparecem. Além das tramas que envolvem as questões familiares mais internas da mãe e da avó de Ruby, há também uma subtrama com mais ação e aventura envolvendo uma grande vilã que ameaça os Sete Mares e a linhagem de krakens. Essa parte rende também boas sequências de “luta” no mar, com muito neon e monstros gigantes, que acrescentam ao filme de forma interessante.
O problema de Ruby Marinho é também o que o torna um bom filme: a semelhança (para não dizer outra coisa) com o filme Red: Crescer É uma Fera, animação lançada no ano passado e que chegou a concorrer ao Oscar desse ano. A premissa é basicamente idêntica, a puberdade representada por um “monstro”, a questão geracional, sobretudo feminina e a autoaceitação. A (única) diferença é a metáfora escolhida. Enquanto Red utiliza a cultura asiática para abordar os temas pessoais de sua protagonista e mantém uma atmosfera mais realista, Ruby Marinho parte para a fantasia e se inclina para um lado ligeiramente mais palatável para um público mais infantil. Mesmo que seja uma espécie de cópia, é bem feita. E Red é tão bom que até mesmo uma cópia continua resultando numa boa animação.
Por Júlia Rezende