O Corvo
Director
Rupert Sanders
Cast
Bill Skarsgård, FKA twigs, Danny Huston
Writer
Zach Baylin, William Josef Schneider
Company
Imagem Filmes
Runtime
110 minutos
Release date
22 de agosto de 2024
Dirigido por Rupert Sanders (A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell) e estrelado por Bill Skarsgård e a cantora F.K. Twiggs, o remake de “O Corvo” (2024), chega aos cinemas nesta quinta-feira (22), como uma tentativa de reviver o icônico personagem para uma nova geração.
O filme conta a história de Eric Draven (Skarsgård) e Shelly Webster (F.K. Twiggs) que são brutalmente assassinados quando os demônios de seu passado sombrio os alcançam. Atravessando os mundos dos vivos e dos mortos, Draven retorna em busca de vingança sangrenta contra os assassinos.
O diretor Rupert Sanders afirma que a intenção do novo filme é de ser uma releitura moderna da história do famoso HQ escrito por James O’Barr. Mas o longa acaba tropeçando nas próprias escolhas criativas, resultando em uma narrativa que carece de coesão, com ideias fragmentadas, um roteiro descoordenado e que falha em capturar o espírito sombrio e vingativo da história. Com isso, o resultado é um filme que, em sua busca por relevância contemporânea, perde a alma gótica que fez tanto o HQ quanto o filme de 1994, um clássico da cultura pop.
O relacionamento entre Eric e Shelly, que deveria ser o coração do filme, é retratado de forma superficial. Apesar de uma introdução prolongada que tenta estabelecer um vínculo forte entre os dois, o resultado final é uma história de amor que parece forçada e pouco convincente. Essa falta de veracidade no relacionamento central compromete todo o arco emocional da narrativa, deixando o público descrente na paixão que supostamente move os personagens.
A maior fraqueza do filme está na atuação de F.K. Twiggs, que interpreta Shelly. Conhecida por sua carreira na música, Twiggs é claramente inexperiente no cinema, e sua falta de habilidade em transmitir emoções ou desenvolver uma química convincente com Skarsgård é evidente. Sua interpretação rasa e pouco expressiva prejudica profundamente a narrativa, especialmente considerando a importância de Shelly como a figura do amor perdido que motiva a jornada de vingança de Eric.
Além disso, o filme sofre com uma montagem confusa e uma narrativa desarticulada. As cenas parecem fragmentadas e mal costuradas, criando uma experiência de visualização que é mais frustrante do que envolvente. Mesmo a trilha sonora, que tenta evocar a atmosfera gótica, é incapaz de resgatar uma autenticidade para o filme.
O maior destaque é, sem dúvida, a cena da ópera. Nesta sequência, o ator Bill Skarsgård finalmente consegue demonstrar seu talento, entregando uma performance que exala intensidade e presença física, elementos essenciais para o papel de Eric Draven. A cena é bem coreografada e montada, oferecendo um vislumbre do potencial desperdiçado do filme. É neste momento que o longa se aproxima de capturar o espírito sombrio da obra original, com uma execução técnica que merece reconhecimento.
No final, “O Corvo” de 2024 é um exemplo claro de como uma tentativa de reinvenção pode sair pela culatra. Embora tenha um momento de brilho na cena de ação final, o filme, como um todo, falha em honrar o legado de sua fonte original. Em vez de uma história de vingança poderosa e sombria, o que recebemos é uma narrativa sem alma.